O fenómeno não é típico do Algarve, ocorre um pouco por todo o País – os políticos entraram em eclipse e o Algarve não foge à regra. Parece até que um político não é o que faz política reportando anseios da sociedade, expondo ideias para o mundo avançar e propondo soluções para que o nivelamento da cultura e da civilização se faça por cima e não por baixo como cada vez mais acontece. Hoje o político não é o que faz política mas, apenas quase, o que tem um bom emprego político, ou por via de eleição já de si manhosa, ou por via de nomeação que normalmente coloca bem os perfis de capataz – há excepções, claro, mas que confirmam a regra.
Naturalmente que não se nega haver quem julgue que os outros acreditam que fazem política e não que estejam de alguma forma a defender o emprego, surgindo todos os dias, se estão na oposição, com pequenos protestos, com reivindicações de esquina e acaloradas defesas do óbvio, ou, se estão na caleira do poder, com servis apoios a decisões autoritárias, com agradecimentos próprios de afilhados e até mesmo, se o escândalo da medida tomada se revelar incontornável, com amanteigamento de resoluções perversas ou calando-se até que a borrasca passe. Todos eles, no entanto, têm um objectivo comum: serem notícia, aparecerem nos jornais e com isso darem sobrevivência política ao nome, o que está longe do fazer política mas perto do jogo em que a política se converteu,
É claro que neste eclipse, não há ideias consolidadas, não há projectos de sociedade, não há propostas de soluções para os problemas colectivos e muito menos há a vontade de identificar os problemas que é por onde a política começa. Como dizia o velho pensador de Marmeleite que morreu sem deixar obra publicada, contra isto, batatas.
Carlos Albino
Flagrante conta: Se cada português paga mensalmente 36 euros à RTP de mão beijada, os algarvios pagam por ano dois milhões de euros – compensa com o que a RPT faz no Algarve quando não há raptos no litoral e incêndios no Caldeirão?
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