Inacreditável esta CP. E inacreditáveis estes comboios feios, porcos e maus. Fui levar um familiar à Estação de Loulé que, para já, não é um modelo de asseio e muito menos de cuidado apesar de se situar no coração turístico de excelência (Vilamoura, Vale do Lobo e, enfim, Quinta do Lago) – uma oliveira para ali deixou cair no chão os frutos a que Deus a obriga e a CP nem uma vassoura possui para limpar aquela modorra, e os galhos de uma velha amendoeira também espreitam à altura da cabeça um candidato ao serviço se urgências. Mas lá chegou o comboio, um pendular. O meu familiar entrou para a carruagem e por mais que me esforçasse não conseguia vislumbrá-lo pelos vidros que, numa primeira impressão pareciam fumados, mas numa segunda impressão logo vi que não tinham esse luxo – era pura e simplesmente porcaria acumulada, e de tal forma porcaria, que dava para observar qualquer eclipse do sol. Tentei limpar com um lenço de papel o suficiente para fazer adeus, e o papel, num único raspão, ficou tão preto como se tivesse apanhado fuligem de chaminé. Procurei o funcionário da estação, apresentei-lhe a amostra, falei da oliveira e do perigo da amendoeira e, ele, mecanicamente solícito, entregou-me logo um impresso de reclamações, como se o impresso limpasse e a reclamação fosse varrer e cuidar da estação. Posteriormente voltei à estação por duas vezes apenas para verificar o que aconteceria com outros comboios, não tivesse eu tido o azar de encontrar uma excepção – mas não, era sempre a mesma porcaria do pendular que lá seguia viagem com o azul, com o intercidades, com a CP feia, porca e má. Nos tempos do carvão e do diesel, enfim, compreender-se-ia um descuido. Agora não – a CP não tem desculpa. Inacreditável.
Carlos Albino
Flagrante contraste: A Orquestra do Algarve e uma Orquestra no Algarve a provocar saudades, grandes saudades do maestro Álvaro Cassuto.
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