quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

SMS 145. Ministros e secretários absolutistas...

16 Fevereiro 2006

É evidente que o Presidente de São Brás de Alportel tem toda a razão, neste assunto do novo mapa das freguesias, ao questionar os procedimentos e métodos do secretário de Estado Eduardo Cabrita. A forma como este governo – não é só o secretário Eduardo Cabrita, há pior – , está a avaliar o Algarve, e sobretudo a maneira como pondera o Algarve Interior que é a maior parte do Algarve e também a mais pobre, com algumas áreas que são mesmo as mais pobres do País, é um erro. Um erro que corresponde ao desapontamento de muitos – o meu caso, para atalhar conversa – , e que certamente não dará regozijo a ninguém mesmo àqueles que nunca acreditaram e por isso não votaram na gente deste governo, porque o erro não é mais do que o prolongamento dos erros dos governos anteriores. Temos vindo a engolir, à vez.

O governo, melhor, alguns membros deste governo ainda não perceberam (perceberam, fingem é que estão despercebidos) que o facto de governarem suportados por maioria absoluta, não lhes dá legitimidade para serem absolutistas... Sim, para governarem como se fossem pequenos reis iluminados, cheios de algum direito divino, prescindindo pois da audiência pedida e da obrigatoriedade democrática da audição. Numa democracia, nada pior do que isto, sendo isto pior do que a arruaça – a arruaça ouve-se mas o absolutismo de gabinete é silencioso e quase sempre mata sem ai nem ui como espetar sabre no rim. Fazer isto é desvirtuar a democracia. É fugir ao escrutínio público por mais que se simule aparecer em público por via da televisão que se converteu na mais recente escrava da corte, ao mesmo tempo bôba da corte.

Eduardo Cabrita quer extinguir a freguesia de São Brás de Alportel? Então porque não consultou previamente a Câmara, porque não ouviu as populações? Também engoliu o garfo?

Mexer na indefesa organização administrativa do pobre Algarve Interior terá que ser feito assim, a traço de esquadro sobre o mapa das conveniências orçamentais, tal como a Conferência de Berlim desenhou a África?

Carlos Albino

PS: Já agora, fiz umas contas que as Estatísticas da Europa devem ponderar muito a sério – se o Algarve tivesse apenas dois habitantes, o Senhor André Jordan e eu, o rendimento per capite seria o que nem imaginam nem eu sei, mas que o Senhor Jordan sabe.

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