
É claro que, para um optimista como eu que prevê sempre um fim trágico para tudo (permitam-me esta brincadeira de carnaval...), o caso até poderia significar vitalidade, força anímica e não apenas um estado de alma próprio dos macacos de imitação. Só que receio bem que tenha que ser, neste caso, excepcionalmente pessimista prevendo um fim alegre para tudo (novamente desculpas por repetir de outra forma a brincadeira...). E porquê? Suspeito que a pandemia da imitação – fenómeno que se transmite também das aves para os humanos – é já quase uma pose cultural. À falta de imaginação imita-se, copia-se.
Pois o que se passa com os carnavais do Algarve acontece com o resto das festas – da Política à Comezaina, da Cultura aos Cultos da Personalidade. Querença inventou, e bem, a festa das chouriças – pois há já chouriças por todo o lado. Silves, julgo que foi Silves, inventou a das cervejas – há já cerveja por todo o lado. Não vou ser exaustivo, mas há festas da sardinha por todo o lado, do marisco por todo o lado e dentro do marisco a festa do camarão, há feiras do livro por todo o lado, festivais internacionais por todo o lado, e, claro mas noutro plano que é aí que quero chegar, também a festa das marinas e das construções mafarricas por todo o lado – se Vilamoura tem, porque motivo Albufeira não tem, e se esta tem porque não Faro, e Tavira, e Castro Marim, e Lagos, e Aljezur, e Olhão? E já agora porque não se faz também uma marina ou um edifício de 18 andares neste preciso espaço deste mesmo apontamento, facilitando assim o trabalho de Lídia Palma que me atura todas as semanas no envio da prosa sobre a linha de risco do fecho do jornal?
Carlos Albino