quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

SMS 139. Presunção e água benta

5 Janeiro 2006

Ouviu-se dizer por aí que terminou aquela coisa que teve o nome de Faro-Capital-Nacional-da-Cultura através do que almas bem intencionadas bem anunciaram querer «resgatar a cidade de Faro e a região do Algarve da marginalidade cultural», além disso juraram «apostar na continuidade e na consolidação dos projectos culturais existentes em Faro e na região do Algarve», e, ainda mais, apregoaram aos quatro ventos que essa tal coisa iria «projectar nacional e internacionalmente a cidade de Faro e a região do Algarve, ambas enquanto pólos de turismo cultural e de actividades ligadas às indústrias da cultura e do lazer».

Na prática, e para não gastar nem muitas palavras nem muito espaço, essa coisa foi apenas uma pequena agenda cultural do tamanho, qualidade e comparável à agenda cultural da Câmara de Cascais para 2005, ficando muito aquém da agenda cultural da Câmara de Oeiras, para não citar as agendas de Matosinhos, Póvoa do Varzim e Vila Nova de Gaia.

Essa coisa não resgatou Faro (o que é isso de resgate? Faro foi feita refém no Iraque da Cultura Portuguesa?), e muito menos poderia resgatar a «Região do Algarve» pois a Região do Algarve não existe e não vale a pena cultivar equívocos. Além disso, duvido que os projectos culturais existentes em Faro e no Algarve tenham ficado a dever alguma coisa a essa coisa, e, finalmente, quanto a essa também coisa de «projectar nacional e internacionalmente» a cidade de Faro e a região do Algarve, não digo que dê vontade de rir mas dá vontade de ter piedade porque pelo provincianismo e apenas se pode ter piedade.

É claro que Faro merecia e o Algarve também merecia que Faro tivesse merecido uma Capital Nacional da Cultura cujo merecimento fosse mais do que presunção e água benta.

Carlos Albino

P.S.: É bom lembrar que no dia 6, Dia de Reis, será atribuído o Prémio SMS de Jornalismo ganho em 2004 pelo Jornalista Idálio Revez.

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