
2. Já não acontece pelo mundo fora, mas pelos vistos ocorre em Alte, é que a população não tenha capacidade de se organizar para denunciar o descontentamento, para questionar métodos e para escrutinar o «gosto municipal». Pior ainda, e disso a população já terá culpa, é que não existe nas câmaras (designadamente nos serviços técnicos) uma cultura de discussão de projectos com as populações - apenas quando a lei impõe é que, enfim, se põe em prática a metáfora da discussão pública que não passa de metáfora pois quase todas as discussões públicas impostas legalmente vêm acompanhadas pelo espartilho do medo e de esmagadora retórica com o calão técnico de conveniência. Daí que dos estiradores municipais saia tanto mau gosto para as praças públicas como estas se enchem de tudo menos de bom senso.
3. E quando não há capacidade de organização da cidadania nem as câmaras dão mostras de quererem uma cultura de discussão, naturalmente que a escapatória é a denúncia anónima para uma televisão de casos pitorescos, o telefonema sob reserva para um jornalista salvador de última hora ou o pedido a uma figura supostamente com protagonismo e influência para que intervenha, demova e faça por procuração o que a população sente que não pode fazer. Pelo contacto que me dirigiram, ou muito me engano ou Alte anda precisamente à procura de um procurador.
4. Encurtando, não seria melhor que Seruca Emídio fizesse um atalho e fosse ouvir a população de Alte?
Carlos Albino
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