24 Fevereiro 2005
I – A abstenção no Algarve (38,3 %) ficou muito acima da média nacional (34,98 %) com importantes concelhos (Loulé, 41 % e Olhão, 42,7 % e Vila Real de Santo António, 41 %) a ultrapassarem a barreira de aviso, e com Albufeira, Tavira, Silves, Aljezur e Alcoutim muito perto dessa bitola da desmotivação.
II – O Bloco de Esquerda surge como a terceira força política da Província Algarvia com implantação mais expressiva em Portimão, Faro, Loulé e Lagos. Um pouco mais e elegeria um deputado. A CDU aguentou-se recuperando relativamente e o CDS caiu estrondosamente – a escolha do «estrangeiro» Narana Coissoró para cabeça de lista foi um erro a toda a linha.
III – O PSD ao perder dois dos quatro deputados que obtivera em 2002 a favor do PS que ficou com seis, foi o grande derrotado.
IV – O voto algarvio concentrado no PS foi, em larga medida, um voto de punição e o PS nada ganha em não reconhecer que assim não é. Aliás, politicamente só terá vantagens em assumir que assim foi, tirando as ilações, com aquela humildade que fica bem e até brilha nos momentos de glória.
V – A derrota do PSD deveria obrigar Mendes Bota a pensar duas vezes. Perdeu 21 mil votos, a sua representação parlamentar ficou reduzida a metade. Deveria pensar uma vez perante o seu próprio partido e uma segunda vez perante os resultados que obteve nas áreas que melhor o conhecem. Perdeu a corrida para «líder provincial».
VI – A comportamento do Governo e particularmente de Santana Lopes face à tragédia dos incêndios no Caldeirão, feriu profundamente a sensibilidade dos Algarvios que naturalmente puniram. A questão da Via do Infante foi outra achega, a juntar a tantas outras numa Província em crise, com enormíssimas manchas de pobreza evidente e miséria calada, para além do clima geral de insegurança. Os governos nada têm feito para sanar as gritantes assimetrias dentro da própria Província e isso, politicamente, paga-se caro.
VII – As próximas eleições autárquicas vão ser um bico de obra para os candidatos locais do PS. Não é difícil perceber porquê. É questão que faz parte dos próximos capítulos.
VIII – A estrutura dos «poderes» regionais vai mexer profundamente. Vamos assistir a uma interessante corrida a poleiros, muito embora tenham sido retidos alguns ensinamentos dos tempos de Guterres – gente nomeada sem perfil, sem preparação e sem curriculum, por via do arbítrio de xerifes partidários.
IX – O «Gabinete do Secretário de Estado do Turismo» instalado no convento de São Francisco em Faro, vai ser um imbróglio... Novos inquilinos não faltam. Haverá coerência?
X – Finalmente, quanto aos eleitos, à excepção do «estrangeirado» Cravinho e do estreante Miguel Freitas, são geralmente fracos.
Carlos Albino
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