quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

SMS 89. Mas que mal, o Algarve fez à China e a Sampaio?

20 Janeiro 2005

Fora dessa espectacular comitiva. Mais de uma centena de empresários e representantes de organizações que configuram interesses económicos de relevo, nomeadamente na área do turismo, acompanharam Jorge Sampaio à China mas o Algarve ficou, mais uma vez, de fora. Naturalmente, seria de esperar que, ao menos, a RTA fosse incluída para pôr um pé nesse promissor mercado turístico. Mas nem a RTA, nem sequer, enfim, alguma das associações empresariais da região teve lugar ao menos na cauda do avião presidencial.


Razões? De acordo com as operadoras que actuam no gigante asiático, os chineses preferem visitar lugares exóticos e com natureza exuberante, dispensando o turismo do tipo sol e mar. Nestes termos, possivelmente para os critérios de selecção da comitiva de Sampaio, o Algarve em muito pouco faria comover os chineses, visando a formatação de pacotes turísticos. Ora nada mais errado do que reduzir o Algarve a sol e mar, como decorre da insuportável visão colonial britânica do nosso turismo. Três exemplos: a inigualável Ria Formosa, o ímpar Promontório de Sagres e o périplo das cidades históricas algarvias (à evidência, primado para Silves e Tavira) têm todos os elementos para cativar e agradar a um milhão de chineses...

E não menosprezemos. Pelas estimativas da Organização Mundial do Turismo (OMT), no ano passado foram cerca de 22 milhões de turistas chineses a circular pelo mundo contra 17 milhões no ano anterior, calculando-se que, em 2020, a China se torne no quarto maior emissor de turistas no ranking mundial com 100 milhões de chineses viajando pelo mundo. Ainda de acordo com a OMT, 50 % dos chineses que viajam pelo mundo estão na faixa etária entre 25 e 45 anos. O turista chinês gasta por dia, em média, 107 dólares durante as viagens internacionais e, somente em souvenirs, esses viajantes gastam, num pacote de uma semana em país estrangeiro, cerca de mil dólares. A OMT aponta algumas razões para que os altos gastos dos chineses em viagens internacionais, designadamente, o gosto dos chineses pela compra de presentes e o hábito de fazer a junção entre viagens de lazer e de negócios.

Sampaio fez bem em levar os homens que andam a provar a navegabilidade do Douro para cima e do Douro para baixo com um cálice de Porto de comporta em comporta, com certeza que fez bem Mas esquecer assim o Algarve foi péssimo, péssimo e péssimo.

Carlos Albino

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