quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

SMS 87. Música, escaiola e chaminés!

6 Janeiro 2005

Este novo ano de 2005 começa bem por três bons motivos, tenham Mendes Bota 1) e João Cravinho 2) santa paciência…

Primeiro, a Orquestra do Algarve. Já se vai tornando num hábito imprescindível, o concerto de Ano Novo da Orquestra do Algarve – com inteira propriedade deveria já passar a designar-se por Orquestra Metropolitana do Algarve, que o Prof. João Guerreiro pense nisso porque pensará bem… E quem fala da Orquestra é o mesmo que falar do maestro Álvaro Cassuto e dos 31 músicos que, em conjunto, formam uma daquelas poucas coisas que, no Algarve, fazem a terra tocar nos céus. Ouvi-os em Loulé, a meio da tarde, como os podia ter ouvido à noite em Olhão, mas tinha que os ouvir. Desta vez foi Mozart, foi Barber, foi a magnífica interpretação do concerto para dois fagotes de Vanhal (levantei-me para os aplaudir) e no final a N.º 2 de Beethoven. Obrigado Álvaro Cassuto, muito obrigado!

Segundo, a Embaixada da Arte Poética. O poeta Nuno Júdice inaugurou a sua bela casa herdada de avós, na Mexilhoeira Grande, cheia de suaves escaiolas. A passagem do ano foi aí, o poeta leu sonetos inéditos, tão recentes e tão belos que 2005 entrou como um gole do melhor vinho e como o sabor da única verdade, naquela mesa melhor que a do protocolo de Estado. Pois essa casa está baptizada: é a Embaixada da Arte Poética. Há uns bons meses, tinha ido lá pouco antes da casa entrar em obras de restauro – do chão até meia altura, as escaiolas estavam numa lástima e duvidei que alguém, hoje em dia no Algarve, ali refizesse coisa próxima do original. E não é que há? O mestre escaiolador José Grilo chegou, trabalhou e fez obra. Obrigado José Grilo que não conheço mas ainda bem que conserva uma arte que faz às paredes o mesmo que a poesia faz ao que os dedos da alma sentem: suavidade e imposição a que o pensamento tenha tacto. Muito obrigado!

Terceiro, o esplendor das Chaminés. Sim, as chaminés. São as chaminés que abrem Loulé como a capital da cultura, ironia do destino e sarcasmo da presunção porque água benta cada um toma a que quer… Uma exposição das chaminés de Eduardo dos Santos, em barro fino, chaminés a rigor, ao todo 28. Eduardo dos Santos deixou o número dos vivos em 1990, mas deixou obra de oleiro. Perante os 50 mil historiadores e 17 mil mestres de história que o Algarve tem em anexo, asseguro a minha firme convicção sobre a origem romana das nossas chaminés que nada têm de árabe. Convido os leitores destas modestas mensagens semanais a irem até Loulé. Vejam, meus senhores e minhas senhoras, como o magnífico espectáculo das chaminés algarvias autênticas nada tem a ver com as pepineiras de Leiria vendidas na 125. Uma chaminé algarvia autêntica e esplendora está para o esplendor da música de Álvaro Cassuto assim como a pepineira moldada de Leiria está para a festa das chouriças de Querença!
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1) Oh Mendes Bota! Os líderes partidários têm tribuna própria que chegue - mais do que isso, só na Madeira é que se vê… Já lá dizia o duque de Lévis que se fosses grande, não precisarias de andas.

2) Não era caso de a cidadania algarvia lhe ter despertado mais cedo, tal como a Mariano Gago e possivelmente até a Guilherme de Oliveira Martins? Como o Algarve lhes teria ficado agradecido!


Carlos Albino

1 comentário:

Anónimo disse...

Escreves cada vez mais patacoadas, pá! E se fosses tomar banho prá doca?