2 dezembro 2004
Inesperadamente ou – quem sabe! – por conveniência do seu calendário político pessoal, Cavaco Silva acabou de pôr o dedo na ferida da vida nacional. A ferida é já uma chaga cujas pústulas podem ser observadas em todos os cantos do País, não sendo o Algarve excepção. Na política, o debate que apenas episodicamente teve nível, degradou-se e está nas mãos de uns quantos foliões. Na justiça, a lei é manipulada como um catavento. Na saúde, ó o que se sabe. Nas Universidades, brinca-se aos mestrados e aos doutoramentos. Na cultura, é a desfaçatez pimba. Por aí fora. Não há ditadura em Portugal, mas há uma democracia cheia de títeres, uns grandes outros pequenos, mas títeres que fazem alastrar a chaga. A negociata e a caça ao subsídio está atrás de tudo. Cavaco Silva foi inesperadamente corajoso, frontal e sem meias palavras. Foi algarvio.
Carlos Albino
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