
Equívocos. Desde o início, alimentou-se o grave equívoco de reduzir a «capital da cultura» a um «festival de espectáculos culturais». Depois, equívoco mais grave, fez-se passar a ideia de que esse festival teria de coincidir com a época alta do turismo e portanto feito em função do turismo - uns escassos dois meses e meio. Faro nem piou.
Haja dinheiro! Ora fazer festivais e montar festivais, é coisa fácil – basta haver dinheiro e instalações. Havendo dinheiro, contrata-se um bailado de Moscovo, dez violinos a Londres, um fagote a Paris, uma potente voz a Milão e, sobrando algum, claro, lá teremos uns coisitas de teatro, umas cantorias em português, umas pitadas de cinema, umas borradas de pintura e, imprescindivelmente, o monumental fogo de artifício na Doca. E chamar-se-á «capital» a isto que não passará de estendal.

Erro tremendo. Faro perdeu a oportunidade para, com serenidade, construir a Cultura que lhe falta. De uma Capital 2005 alguma coisa ficaria, de um Estendal de dois meses não ficará nada porque acabada a festa, desarma-se a igreja. Por uma vez, dou razão aos homens do futebol que vêem na bola o espelho da sociedade: Faro está na terceira divisão e a zero. Foi um tremendo erro de política cultural e pouco adianta fazer aproveitamento partidário desse erro. O que está perdido, perdido está.
Carlos Albino
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