21 Julho 2004
O anúncio de que a sede da Secretaria de Estado do Turismo, agora já Ministério do Turismo (em função da pessoa do titular e não da política que se impõe) será eventualmente «deslocada» para Faro não é mais do que atirar areia para os olhos e, nisto, José Apolinário tem razão ao sublinhar que tal medida é uma «forma sem conteúdo».
O que o Algarve precisa – não antes que seja tarde mas sim antes que seja mais tarde – é de uma Região Administrativa que obviamente tenha na sua orgânica uma Secretaria Regional de Turismo. O Governo Central não pode assemelhar-se a um Osíris esquartejado ao longo do Nilo, deixando a Regionalização numa eterna viuvez. Uma Secretaria de Estado do Turismo em Faro não fará mais pelo Algarve do que em Lisboa. Até fará menos, politicamente falando, muito embora se imagine como um tal secretário de Estado ou ministro andará de hotel em hotel, de golfe em golfe, de cocktail em cocktail, de pompa em pompa e como nas horas vagas por entre intensas viagens para o Porto e para Lisboa em nome do interesse nacional, tomará café com José Vitorino à beira da Doca como generosa concessão ao provincianismo. A promoção externa do Turismo Algarvio, em última análise ou no pleno sentido dos interesses do Estado não está nas mãos do ICEP? E onde está o ICEP? A captação do investimento estrangeiro não está nas mãos da Agência Portuguesa para o Investimento, a API? E onde está a API? Por aí fora.
«Deslocar» não é nem de perto nem de longe o mesmo que «desconcentrar» e muito menor «descentralizar» e jamais será «regionalizar». É atirar areia para os olhos. Ora deixem ficar a areia onde está porque a areia faz falta nas praias antes que o mar avance e coma inesperadamente a ganância dos homens.
Carlos Albino
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