18 Dezembro 2003
Já se vai percebendo o frenesim. Aproximam-se as eleições europeias e já uns poucos sujeitos (poucos porque não podem ser muitos) fazem contas com alguma sorte na rifa, sendo a rifa o equivalente a um chorudo ordenado e uma emigração de luxo em Bruxelas e Estrasburgo. E ainda as eleições autárquicas estão na linha do horizonte e também outros tantos sujeitos, se estão na oposição dizem estar na linha de partida, e se estão no poder exibem o ar mais displicente deste mundo como se exercer o poder fosse um acto de caridade para os Algarvios daqui e dali ou então alguma mesmo uma generosidade equivalente a imolar a vida ou como se ser Presidente de Câmara fosse o mesmo que Cristo a lavar os pés dos pobres. As listas estão a ser forjadas. Nisto, os líderes dos principais partidos do Algarve – o PSD e o PS – esquecem ou fingem esquecer a questão-chave que é a da Região do Algarve, questão postergada mas chave. Nem uma palavra, nem um projecto, nem uma iniciativa. Mas compreende-se: os estados-maiores dos partidos, para cuja massa cinzenta que é noventa e sete e meio por cento do Caldeirão para cima, não têm interesse em ressuscitar a questão e para essa gente o Algarve só conta para banhos, para tantas aventuras sociais quantos os divórcios e para, nuns salmonetes grelhados na Ilha de Faro e enquanto palitam os dentes, desvanecerem-se em considerações com selectos apaniguados locais (algarvios, claro) dando instruções políticas para o futuro. E como o ideal da Região do Algarve foi substituído pelo culto da personalidade, começamos a ver o espectáculo. Na próxima semana trataremos desse triste espectáculo que tem sido Bruxelas e Estrasburgo e nalguma semana a seguir, se Deus me der vida, saúde e paciência, havemos de tratar dos cultos de personalidade que não é apenas triste mas sobretudo um sórdido e pornográfico espectáculo.
Carlos Albino
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