4 Dezembro 2003
Se, como o bispo do Algarve deve ter dito ao abençoar o estádio de São João da Venda, há três virtudes fundamentais – fé, esperança e caridade – há neste Sul do País três males opostos: droga, álcool e barulho. Quanto à droga, cujos traficantes e consumidores parecem preferir, agora, estradas e caminhos esconsos do interior para negócios da noite, soube que, na semana passada, um agricultor do Barrocal, já farto desse movimento junto da sua fazendinha, pegou na caçadeira e, com uns tiros para o ar, afugentou o extenso grupo que entre si trocava sacos de produto por gordos maços de notas... Quanto ao álcool, à revelia da lei, por aí continuam bares – eu tenho visto! - a vender o inimaginável a menores e maiores, mais os menores que os maiores, até às cinco e seis da madrugada que já é outro dia. E quanto ao barulho, mesmo os surdos ouvem – o que não é milagre. Pois que resultará desta salada social de drogados, alcoolizados e gente sem as mínimas noções cívicas? Resultam assaltos, roubos e, infelizmente, matanças seleccionadas aqui e ali, ou o receio justificado. Acresce a isto, uma emigração cuja componente clandestina é um barril de pólvora com rastilhos que, bem pensadas as coisas e conforme informações seguras, vão dar a todas as mafias. Perdemos, assim, a fé na segurança, os motivos de esperança são cada vez mais ténues e não há vontade de ser caridoso para uns quantos brutos que estragam a convivência algarvia. O que está a acontecer é pior que o incêndio de Monchique.
Carlos Albino
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