11 Dezembro 2003
Nos dias que correm, ouvir dizer bem de um Algarvio é coisa que recebemos com alegria e com gosto. E se esse Algarvio ainda é ou foi um político, será caso de especial celebração porque estaremos então perante um fenómeno. Foi o que há pouco aconteceu na Argélia. Ao receber Jorge Sampaio que ali foi em visita de Estado, o presidente do parlamento argelino, Karin YounSs, como todos os chefes parlamentar em qualquer parte do mundo, foi buscar o melhor para o discurso alinhavado para receber o Presidente Português. Esse melhor foi Teixeira Gomes. Com orgulho, Karin YounSs afirmou ter nascido e crescido precisamente na terra – Dedjaia (outrora Bougie) - onde o nosso Algarvio se exilou nos últimos dez anos da sua vida e onde morreu em 1941. E porquê esse orgulho do argelino? Porque, testemunhou ele a Sampaio, ainda hoje muito gente de Dedjaia, sobretudo pescadores, se recorda de Teixeira Gomes como «um homem sábio que gostava de conversar com a gente simples e contemplar com eles as maravilhas do mar». E Teixeira Gomes ficou de tal forma no coração dessa gente que o Quarto N.º 13 que ocupou na Pensão Estrela ainda em laboração, está preservado como quarto-museu, à disposição de historiadores, biógrafos e visitantes. Ouvir dizer na Argélia que estimam ali um Algarvio porque ele era sábio e falava das maravilhas do mar com a gente simples, isso é um grande lenitivo para os dias que correm. Se Teixeira Gomes tivesse sido um analfabeto reciclado à força pelo papel da política e tivesse falado com os da gente simples apenas pela bazófia de lhes sacar futuros e potenciais votos, de certeza, o Quarto N.º 13 já teria ido à viola. Bem, celebro com alegria e gosto a veneração por Teixeira Gomes em Dedjaia mas ainda não desesperei de encontrar, para já em Estrasburgo ou em Bruxelas, quartos preservados onde tenham estado Algarvios sábios…
Carlos Albino
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