Deixei sugerido
ao Diretor deste jornal, Fernando Reis, vai para uns três, quatro anos, a
criação de uma coluna parlamentar em que se fosse dando conta, com
regularidade, rigor e objetividade, do trabalho produzido em S. Bento pelos
deputados eleitos pelo círculo do Algarve, no que tenha relação direta e útil
com a região. Se todos os jornais que
ainda existem assim procedessem por meios e critérios autónomos, esse registo
paciente já seria um bom e proveitoso escrutínio. E além disso, serviço
público. Naturalmente que é um daqueles trabalhos que, a ser prosseguido, terá
de ser “trabalho de redação”, trabalho próprio e pesquisa autónoma, a cujo
valor o leitor (o leitor que ainda exista…) não ficará insensível. Se for bem
feito, creio até que será um pequeno fator que contrariará a relutância à
leitura.
Que iniciativas
legislativas os nove deputados tomam de interesse direto para a região, que
intervenções em plenário, que perguntas fazem e que requerimentos apresentam ao
Governo e à Administração Pública, que respostas obtém e em que prazo, enfim,
tudo isso que faça com que o círculo de Faro não seja quadrado. Na verdade, ao
leitor que também é eleitor, repugna-lhe já a propaganda fora do tempo, os
comunicados de parlamentares de pura promoção pessoal ou de circunstância, e
que, além de fastidiosos, mais parecem cartas “ao meu povo”, gerando
expetativas excessivas em torno de iniciativas pessoais sem resultados práticos
e muito longe da influência política com que se penteia a prosa. Os arquivos
dos jornais algarvios, vivos ou extintos, são um verdadeiro cemitério de
pregões que deram em nada.
Agora que começa nova
legislatura, era bom começar-se a registar o que os quatro deputados
despachados para Lisboa com bilhete do PS (José Apolinário, António Eusébio,
Jamila Madeira e Luís Graça) vão de facto fazer; o que os dois parlamentares do
PSD (José Carlos Barros e Cristóvão Norte) terão a dizer; o que o estreante do
BE (João Vasconcelos) dará como prova; o que o disciplinadíssimo deputado do
PCP (Paulo Sá) perguntará e requererá; e o que a deputada da órbita do CDS (Teresa
Caeiro) poderá explanar já que entrou na órbita do Algarve.
É claro que os
deputados representam todo o País, e não os círculos por que são eleitos,
mas o País não existe sem os círculos que elegem deputados. A estes não cabe
representar os círculos mas sim e por inteiro intervir a bem dos círculos.
Carlos Albino
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Flagrante desabafo: Com o centralismo por aí em força, o Algarve não tem governabilidade, como numa feira de influências.
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