A notícia vinda a
público dá conta de que a Casa do Algarve, com 85 anos, vai encerrar. E como
uma das explicações para o caso, também se dá conta de que os autarcas algarvios
viraram costas à instituição, e que, uns atrás de outros, os municípios foram
deixando de pagar as quotas de associados coletivos. A isto juntou-se o
divórcio dos algarvios residentes na capital, o desinteresse sistemático dos
deputados eleitos pelo Algarve, a apatia dos estudantes algarvios e o
alheamento da intelectualidade, sobretudo da que reclama profunda ligação à
Província natal. Também, pelo que subiu ao noticiário quotidiano um tanto
incorretamente, a própria AMAL (Comunidade Intermunicipal do Algarve) terá optado
por não responder a um último apelo de sobrevivência, mas, ao que se sabe, a
AMAL disponibiliza-se a receber uma delegação da Casa do Algarve para avaliação
da situação. Isto não invalida reparos a
alguns autarcas algarvios que, perante a premência de uma representação cívica
do Algarve na capital, confundem causas com efeitos.
Tem sido evidente a
inanição da Casa do Algarve, o seu défice de atividade e a sua falta de
presença no cenário vizinho do poder central, em contra-corrente com outras
regiões do país cujas “casas” lobbies e pólos de influência acima das
divergências políticas regionais. Outras regiões sabem e conseguem defender e
identificar os respetivos denominadores comuns. Não vem para aqui estender o
argumentário da validade e benefício da Casa do Algarve, cujo declínio começou
com o despejo da sua sede tradicional no Chiado e com o fim do bom sonho de uma
nova sede com residência estudantil em terreno cedido pela Câmara de Lisboa.
Com o divórcio e alheamento descrito, com o envelhecimento e a lei da vida a fazerem
minguar os sócios históricos, as atvidades da Casa, remetida para um esconso
T-1 na Avenida de Ceuta, foram-se reduzindo a ações de benemerência cada vez
mais difíceis de manter. As últimas direções da Casa do Algarve não poderiam
fazer mais.
Sempre pensei que, em
democracia, a Casa do Algarve entraria num novo ciclo de vitalidade e
representação cívica, mas infelizmente assim não aconteceu. Quando deviam ser
os primeiros a reconhecer essa valência da Casa, estou em crer que há autarcas
que nem sequer a conhecem nem a querem conhecer, ou porque nem são do Algarve e
fazem da política um mero desempenho profissional, ou porque sendo do Algarve
se distraíram numa exagerada visão de quintal. Não os culpo porque são vítimas
daquele erro crasso que a acontece quando a política captura a cidadania aberta
e útil – aberta acima das divergências, salvaguardando a força da
representação; útil, gerando influência em abono das grandes causas regionais
que não são poucas nem de desprezar.
Peço ao dr. António
Féu, por ora ainda presidente da Casa do Algarve, que envide todos os
esforços para que a deliberação de encerramento tomada em assembleia-geral,
possa ser revertida. Até porque, presumo, no Algarve ainda haverá Algarvios com
sentido de responsabilidade, tenham cargos ou não, e, em Lisboa, Algarvios
ainda haverá com responsabilidade de sentido e que não deixarão de abrir a
porta ao tocar-se-lhes a campainha. O fim da Casa do Algarve não pode ser.
Carlos Albino
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Flagrante desemprego: Aí vem, sazonal, etc. e tal.
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