É um dever, senão
mesmo uma obrigação, dizer-se em voz alta que a Universidade do Algarve
acaba de dar à Região com idêntico genitivo (do Algarve), um grande conforto,
um enormíssimo estímulo e uma parcela de crença. Além disso, dá ao País um
sinal – o sinal de que o Sul tem um pólo indelével, credível e esperançoso. Não
é uma vitória sobre outros, é uma afirmação entre todos. E, no contexto do
Algarve, intra muros, é uma mensagem – para autarquias com cultura regional,
para empresas com raiz e não esses aglomerados adventícios, e para as entidades
do Estado que por aqui dirigem ou delegam, infelizmente, por vezes, com
presunçoso exaquatur de consulado.
E porquê? A Universidade do Algarve regista o maior aumento do
número de candidatos 1.ª opção (+ 28% - de 724 em 2014 para 930 em 2015),
indicador que acompanha o aumento do número de candidatos colocados, (aumento
de 19% na 1ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, apresentando
o crescimento mais elevado no conjunto das universidades portuguesas. Isto,
quando alguns de fora da região ditavam à Universidade o agoiro da integração
noutra instituição universitária, senão mesmo a dissolução, e quando alguns de
dentro da região, lhe espetaram uma navalhada nas costas, por exemplo com o
caso da negação das bolsas do programa “+ Superior”.
Escrever estas palavras, aqui, no Jornal do Algarve, é também, não digo um consolo, mas, além de um ato de
coerência, é sentir-se que por vezes a memória ajuda à construção crítica do
entendimento que se possa fazer sobre isso “de Algarve”. Foi aqui, neste
jornal, que em 1968, o objetivo da Universidade foi lançado no exato sentido e
alcance do termo. Contrariamente, alguns mas de peso, defendiam apenas um
instituto politécnico, nunca uma Universidade. Este jornal insistiu, promoveu
um inquérito ao ensino na região e a criação da universidade foi uma causa
assumidamente sua, até que em 1979, já em plena democracia, o objetivo foi
tardiamente conseguido, mas conseguido (mérito, reconheça-se, a José Vitorino e
seus movimentos nas bancadas parlamentares).
Este passado, que já não move moinhos, só interessa para mais estas palavras: o mesmo
argumentário de outrora por apenas um instituto politécnico em desfavor da
universidade, foi do mesmo tipo de argumentário dos que hoje tentam anavalhar a
universidade com os cálculos oportunistas da sua integração ou dissolução. Só que, se outrora se poderia desculpar os da
não-universidade, ou pela ingenuidade, ou pelo temor dos tentáculos da
ditadura, hoje, o caso é outro – é perversão por impedimento de escrutínio, é
incompetência própria dos que só vêem ao perto e não ao longe, e é rendição a
objetivos não confessados mas seguramente contrários aos interesses gerais da
região e ao seu bem-comum. Estes, se a Universidade do Algarve, hoje, em vez de
crescimento tivesse registado afundamento, se em vez de mais procura tivesse
havido repulsão, se em vez de ter ascendido ao primeiro lugar por entre as
universidade portugueses tivesse ficado abaixo do instituto dos pepinos
jurídicos do Freixoso de Cima, estes tais, já estariam aí, na praça, cheios de
gáudio.
Mas não, a Universidade do Algarve, a nossa universidade é felizmente como se mostra e prova, honoris causa.
Oxalá assim continue e que o Reitor António Branco e suas equipas (reitoral,
conselho geral, etc…) prossigam na linha certa – a da excelência, da
credibilidade, da probidade e da sabedoria (não tenhamos medo desta palavra,
que só por esta palavra é se cativam alunos como eu…)
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante decisão coordenadora: A Fundação António Aleixo vai destinar uma quota de bolsas a estudantes do Concelho de Loulé com destino à Universidade do Algarve. Faz o que uma Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve devia ter feito.
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