Chegou a hora dos agradecimentos a todos os ilustres democratas por
dá cá aquela palha:
- Obrigado, porque acreditámos que iriam concretizar ou pelo menos abrir caminho para a regionalização, e nada, nada fizeram por isso, antes pelo contrário, liquidaram as amostras, aumentando as mordomias e mantendo as anomalias.
- Obrigado, porque acreditámos no vosso discernido planeamento casado com os ecologistas do mesmo género quanto a uma auto-estrada mais a sul para proteger 17 caracóis e 16 consultadorias dissimuladas, e além disso para a região ficar supostamente com uma solução substitutiva da 125, e vê-se como se ficou com um completo enxerto a sul e outro inominável enxerto para caracóis e consultadorias.
- Obrigado, porque a segurança é um facto: a GNR atende as vítimas a tal ponto que as vítimas nem querem incomodar mais, a PSP é luxo citadino aqui e além, e todos sabemos que os tráficos de droga e de seres humanos (clandestinos, mendicidade, prostituição) desapareceram do nosso mapa.
- Obrigado, porque temos, até que enfim, não apenas um ou aquele tal e único prometido, mas vários hospitais centrais.
- Obrigado, porque temos o tal turismo sustentável, integrado, dinamizador da economia e da capacidade produtiva regional, que nem vale a pena explicar mais, porque arrumamos os quartos, alugamos umas camitas paralelas, vendemos uma peças de artesanato da China e uns lenços com chaminés estampadas, e já é muito para uma população que está sem tempo para jogar golfe com os buracos nos paraísos fiscais.
- Obrigado, é claro, por, à exceção de um ou dois deputados que mexem, mal se dar conta de que temos deputados, e quando se dá conta, é para a contemplação do estuário do Arade, a descoberta de que a cortiça nasceu anteontem em São Brás, ou para crónicas que, mutatis mutandis, podem ser lidas em Malmö, no condado de Borsod-Abaúj-Zemplén ou em Gijón, mudando o que deve ser mudado...
- Obrigado, porque houve de facto muito evento agenciado e agendado mas quanto a estruturas culturais, práticas rotinadas e coisas que fiquem – pouco ou nada, e o pouco tem sido à custa de autarquias que podem ter visão ou de associações e grupos que fazem das tripas coração. Obrigado, por tanto evento.
Carlos Albino
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Flagrante obrigado final: Ao ministro António Mendonça que explica tudo bem e
dialoga ainda melhor. A si próprio e consigo próprio. Que desapontamento.
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