Não é difícil
perceber que, neste momento de afogadilho, a regionalização não se afigura como
coisa prioritária aos olhos do cidadão comum. A discussão dura há 35 anos e já
deu para verificar que a regionalização é bandeira agitada quando se almeja
tomar conta das rédeas do poder central mas que rapidamente a mesma bandeira é
colocada a meia haste, ou mesmo dobrada no armário dos símbolos a evitar, quando
esse poder central fica nas mãos. Além disso, para o quadro ficar melhor
pintado, aqueles mesmos que, por via de ténue descentralização ou de mera desconcentração
de pequenos poderes deveriam ter provado as vantagens da administração de
proximidade e nesse sentido exercido pedagogia, antes pelo contrário, arvoraram-se
em chefes de esquadra desmedidos, ridículos e ciosos das mordomias que usufruíram
com ares de ministros de segunda, ou mesmo até em alguns casos lamentáveis por aí
começaram a desfilar como títeres locais de novo tipo e com seu chicote
provinciano próprio de telenovela importada do nordeste, desacreditando pouco a
pouco a bondade da regionalização e colocando-a na categoria mental dos
conceitos que são de temer. Em todo o caso, a regionalização é assunto que por
aí está a ser retomado com a sugestão de se ir devagar, devagarinho, e de se
começar o processo com uma ou duas regiões-piloto, com a do Algarve
naturalmente à cabeça. A vingar a ideia, volta-se assim à estaca zero e,
diga-se de passagem, voltar à estaca zero 35 anos depois, já é um grande
avanço... Mas duvido que a ideia ganhe o necessário consenso – as mordomias
ficariam reduzidas a metade e isso pesa, aliás, é o que tem pesado desde há 35
anos.
Carlos Albino
_________________
Sem comentários:
Enviar um comentário