quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

SMS 398. O desânimo é o pior

3 fevereiro 2011

Nada disso, o deixar cair os braços é o pior. O desânimo e o desalento foram os inventores dos becos sem saída e nisso tiveram a ajuda dos artistas do fogo de artifício, aqueles que atiram para o ar ideias que estoiram muito e rilham na noite mas que se dissipam rapidamente, não se sabendo até onde a cana caiu. É verdade que estamos a pagar os custos do apagamento do Algarve e por certo mais custos iremos pagar, mas o pior é deixar cair os braços. E que apagamento foi esse? Apagou-se a representação cívica da região fora do seu território como se a representação política (deputados, um outro ministro de vez em quando, algum secretário de estado) fosse suficiente e até segundo alguns com ideia errática de democracia, como se isso fosse conflituante – e foi assim que se deixou cair a Casa do Algarve em Lisboa tal como se atirou para o fundo do cesto todas as Casas do Algarve. Apagou-se o Congresso do Algarve cuja evolução lógica deveria ser, não tanto o folclore e vaidades misturadas com analfabetismos que perderam a vergonha, mas uma ligação profunda com as universidades e institutos superiores da região, fomentando a criação de centros de estudos, observatórios, organizações cívicas, estruturas de promoção das atividades da região sem dependências do Estado e dos acólitos da missa oficial, pois claro – o esforço e por certo o entusiasmo dos promotores foi enorme e sério, mas com o delirante apagamento da região isso acabaria por ser água a sumir-se pela areia. Mas o mais triste é que o apagamento do Algarve foi tão longe como foi, com a colaboração dos próprios algarvios, numa espécie de estratégia suicidária política e cultural coletiva. Temos muito bom mas o muito bom que aqui temos, nem uma nem duas vezes, foi humilhado dentro da nossa própria casa, a troco de umas vénias a gente que as não merece e que sempre que abre a boca ou mexe os olhos, aparentemente em nome do Algarve, até arrepia.

Carlos Albino

    Flagrante múmia paralítica: É que não há uma palavra que dê confiança e, enfim, alguma esperança às populações diariamente acossadas pelos assaltos, roubos, crimes, violência de toda a ordem, na falta de patrulhamento, de polícia de proximidade e de justiça sem medo.

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