quinta-feira, 11 de novembro de 2010

SMS 386. Deputados. Quantos e quais


11 novembro 2010

Volta e meia, aí vem a polémica do número de deputados e do formato das listas. Até agora todos temos votado confiadamente em função do sagrado princípio da proporcionalidade entre listas partidárias enquanto os diretórios partidários, grandes e pequenos, têm afastado a hipótese de experiência dos círculos uninominais que a maior parte dos eleitores nem sabe o que são.

E por efeito desta rotina, os resultados estão à vista – os candidatos a deputados são aqueles que os diretórios centrais dos partidos querem por conveniência do momento, porquanto cada vez com mais custo aceitam as propostas das bases partidárias, estas, por sua vez também, cada vez mais acríticas e gradualmente com menor expressão qualitativa. E é assim que um círculo como o de Faro tanto faz que tenha seis, sete, nove ou vinte deputados, pois na verdade não se dá por eles a não ser por alguma passeata ou jantarada e muito menos se dá por aqueles cabeças de lista impostos pelos diretórios e que além de não serem da região nem a conhecerem, também não se interessam por ela nem têm que se interessar já que a função de deputado se converteu em emprego político de carreira, o que, julgam muitos, seria impensável numa eleição uninominal.

Na verdade, ao deputado eleito por lista partidária basta-lhe saber “gerir bem o posto”, bastando para isso uns comunicadozitos a tempo que não incomodem muito Lisboa mas que também acalmem os do burgo, uns retiros calculados e intervalados com umas cronicazitas, uns telefonemas aos chefes locais e o controlo das bases que também nada custa controlar quando se tem poder e se pode marchar majestaticamente com essa efémera unção eleitoral.

Todavia, parece que o prazo de validade deste esquema – esquema que deveras mina e corrói a democracia – está a terminar, desconhecendo-se que esquema que lhe possa suceder ou se cada vez a mais eleitores lhes interessará sequer debater que esquema suceda. Tal esquema de representatividade adulterada se é que não é mesmo traída, não pode durar muito e caso sobreviva demasiado tempo isso será sinal de que a democracia está ligada à máquina, o que não augura nada de bom. E neste âmbito, o Algarve tem aguentado de tudo mas não é difícil constatar que está deveras estragado, não digo que não tenha remendo. Sendo assim, que enorme saudade de Almeida Carrapato.

Carlos Albino
_________________

Flagrante verdade: Faro é Faro.

Sem comentários: