quinta-feira, 9 de junho de 2005

SMS 109. Aquele pormenor que Sócrates esqueceu

9 Junho 2005

O primeiro-ministro José Sócrates escolheu Sagres para algumas decisões importantes mas tardias como são os casos do ponto final na novela da Barragem de Odelouca. (mesmo assim a ver vamos…) e do plano de ordenamento da orla costeira. Na verdade, quem percorra a costa algarvia, sobretudo na zona de Quarteira-Albufeira, o que parece ter orientado aquela gente (autarcas, investidores, arquitectos e construtores) foi um plano de caos costeiro, verdadeiro caos típico de economia virtual, cega e aldrabona além do mais com sede em paraísos fiscais.

E quando estamos no caos, sabemos todos, ninguém se entende. Sócrates que, enfim, teve a coragem que faltou a Guterres e a Barroso para enfrentar este caos, argumentou que os investidores que defendam um turismo de qualidade apoiarão pela certa as medidas preconizadas, mas esqueceu-se de um pormenor – o pormenor dos algarvios, da população algarvia que segue atónita e descrente os movimentos da ilegalidade, da política subterrânea, da falta de fiscalização ou da fiscalização manobrada, das decisões desiguais e pela calada, um rosário sem fim que termina nos «aldeamentos turísticos» que, a partir de qualquer nesga de falésia, usurpam literalmente o domínio público. Sócrates esqueceu-se desse pormenor do número esmagador de algarvios que estão fartos do caos, dos autarcas do caos, dos arquitectos do caos, dos investidores do caos e dos construtores do caos mais o respectivo séquito de clandestinos.

Carlos Albino

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