quinta-feira, 20 de maio de 2010

SMS 363. Tudo ao molho e fé em Deus


20 maio 2010

Mesmo com todos os sinais que estão à vista, alguns que não são poucos continuam a não querer perceber a crise em que estamos metidos, e, pior do que não querer perceber, é camuflar os sinais e adiar a discussão dos possíveis caminhos de saída. Para o Algarve, estes caminhos são escassos, porquanto a região depende precisamente de tudo o que pelo mundo afora e no país está em crise ou que inesperadamente ameaça entrar em crise, pedindo-se a todos os santos para que a crise não se transforme em colapso, como é o caso preocupante das ligações aéreas. Tenho vindo a dizer, desde há semanas, que estamos entregues ao acaso, o que é desagradável, e pior do que isso, não temos estratégia decente e segura – temos táticas, por sinal pequenas táticas atiradas para o ar na esperança de que a coisa resulte e haja sorte. Infelizmente até a sorte tem faltado e oxalá que não cheguemos a um momento em que a regra seja aquela de “tudo ao molho e fé em Deus”. Um exemplo de tática pífia atirada ao ar, por exemplo, aí esteve patente nos discursos de esperança no mercado espanhol para compensar a quebra do mercado britânico, no turismo claro. Como se a crise não estivesse já instalada em Espanha, com os espanhóis a braços com os mesmíssimos males de que padecemos – do desemprego ao défice. Outro exemplo de pífias táticas atirada para o ar, aí a temos também, com as veleidades segundo as quais a exploração de pequenos nichos de mercado, mesmo que seja a pretexto de coisas festivamente marginais e de duvidosa paz, ajudará a matizar a crise… E é assim que instituições que temos entre nós e que já deviam ter produzido estudos com linhas alternativas de orientação, ou que já deviam ter instalado observatórios com alertas para o que der e vier, andam nas nuvens ou olhando para o umbigo. Refiro-me sobretudo às instituições que deviam ser as últimas em que a sociedade deve perder a confiança.

Carlos Albino

    Flagrante calafrio: O fracasso do Museu da Cortiça. O fracasso não foi apenas de Silves mas do Algarve no seu todo. Além disso um sinal de aviso e que não é pequeno.

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