quinta-feira, 6 de outubro de 2005

SMS 126. Os nossos Albertos

6 Outubro 2005

O Algarve também tem os seus Albertos. Embora a Madeira tenha o protótipo, o original sem par a quem todo o mundo reconhece o cómico direito de ser João Jardim para além de Alberto, os nossos Albertos – infinitamente mais comedidos porque não somos uma ilha e manhosamente mais discretos porque também não temos paraíso fiscal que cubra as jogadas – não deixam de ser Albertos, enfim, pequenos mas eficientes Albertos, ou seja, Albertos uns à escala concelhia e outros à escala de freguesia mas Albertos. Quando podem, os nossos Albertos controlam os pequenos jornais impondo-lhes o conteúdo sempre com expedientes indirectos, submetem ao seu jogo as estações de rádio locais condicionando-as na forma e no cheque. Claro que apenas fazem isso quando podem, mas quando o fazem, porque são Albertos, cuidam de não deixar indícios de prova, e, como se costuma dizer neste século de Isaltinos, Fátimas, Valentins e Ferreiras Torres, fazem-no dentro da mais estrita legalidade – Oh! Como os juízes em greve apreciam esta coisa da estrita legalidade! Embora com os mesmos propósitos da programada caça ao voto longamente pensada e do controlo da opinião pública, naturalmente que os nossos Albertos não passam de pequenos Albertos porque, aqui, tudo também é pequeno (a Agência Lusa é pequena, a RDP é pequena e a RTP pequenina é) mas se o Algarve tivesse um paraíso fiscal como a Madeira tem, já teríamos um Alberto igual ao protótipo. Perfis não faltam. Pequenos perfis, diga-se, mas igualmente perversos.

Carlos Albino

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