quinta-feira, 22 de outubro de 2015

SMS 637. Colunas parlamentares, precisam-se!

22 outubro 2015

Deixei sugerido ao Diretor deste jornal, Fernando Reis, vai para uns três, quatro anos, a criação de uma coluna parlamentar em que se fosse dando conta, com regularidade, rigor e objetividade, do trabalho produzido em S. Bento pelos deputados eleitos pelo círculo do Algarve, no que tenha relação direta e útil com a região.  Se todos os jornais que ainda existem assim procedessem por meios e critérios autónomos, esse registo paciente já seria um bom e proveitoso escrutínio. E além disso, serviço público. Naturalmente que é um daqueles trabalhos que, a ser prosseguido, terá de ser “trabalho de redação”, trabalho próprio e pesquisa autónoma, a cujo valor o leitor (o leitor que ainda exista…) não ficará insensível. Se for bem feito, creio até que será um pequeno fator que contrariará a relutância à leitura.

Que iniciativas legislativas os nove deputados tomam de interesse direto para a região, que intervenções em plenário, que perguntas fazem e que requerimentos apresentam ao Governo e à Administração Pública, que respostas obtém e em que prazo, enfim, tudo isso que faça com que o círculo de Faro não seja quadrado. Na verdade, ao leitor que também é eleitor, repugna-lhe já a propaganda fora do tempo, os comunicados de parlamentares de pura promoção pessoal ou de circunstância, e que, além de fastidiosos, mais parecem cartas “ao meu povo”, gerando expetativas excessivas em torno de iniciativas pessoais sem resultados práticos e muito longe da influência política com que se penteia a prosa. Os arquivos dos jornais algarvios, vivos ou extintos, são um verdadeiro cemitério de pregões que deram em nada.

Agora que começa nova legislatura, era bom começar-se a registar o que os quatro deputados despachados para Lisboa com bilhete do PS (José Apolinário, António Eusébio, Jamila Madeira e Luís Graça) vão de facto fazer; o que os dois parlamentares do PSD (José Carlos Barros e Cristóvão Norte) terão a dizer; o que o estreante do BE (João Vasconcelos) dará como prova; o que o disciplinadíssimo deputado do PCP (Paulo Sá) perguntará e requererá; e o que a deputada da órbita do CDS (Teresa Caeiro) poderá explanar já que entrou na órbita do Algarve.

É claro que os deputados representam todo o País, e não os círculos por que são eleitos, mas o País não existe sem os círculos que elegem deputados. A estes não cabe representar os círculos mas sim e por inteiro intervir a bem dos círculos.

Carlos Albino
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Flagrante desabafo: Com o centralismo por aí em força, o Algarve não tem governabilidade, como numa feira de influências. 

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