quinta-feira, 13 de agosto de 2015

SMS 627. Petróleo de quem e para quê?

13 agosto 2015

Há duas petições relativas a essa questão do petróleo, questão no mínimo esquisita e estranhamente silenciada, envolvendo interesses de larga escala, ou não se trate de petróleo e gás natural. As petições são dirigidas à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, não sei o que darão e duvido que dêem. Mas como isto ainda não é a Guiné Equatorial, embora já pareça, impõe-se que, lendo os textos das petições, nos interroguemos, e para as perguntas não ficarem no ar, haja respostas.

1 - A prospecção e pesquisa tem sido realizada sem qualquer tipo de avaliação ambiental, que seja do conhecimento público, e todo o processo tem sido conduzido de forma que não se afigura transparente? É verdade. Não há avaliação ambiental que se conheça nem o processo tem sido transparente. Como se Faro fosse Conakri.

2 – É de ver com muita apreensão o futuro do Algarve tendo em conta os possíveis impactos que uma medida destas pode ter numa região com uma elevada dependência do turismo e do mar, com uma elevadíssima biodiversidade, sendo mais de 35% do seu território protegido por convenções e legislação da União Europeia e de Portugal? Com muita apreensão mesmo. Mesmo que o futuro da região esteja entregue a um Obiang de trazer por casa.

3 – Haverá impactos nocivos resultantes de um aumento da intensidade e frequência da actividade sísmica numa região onde não se pode ignorar o elevado risco sísmico e a possibilidade de ser atingida por um tsunami? É muito possível que no Algarve já se estude menos história que na Guiné Equatorial, mas as tragédias sísmicas do passado na Região são advertências de um Deus que não é espanhol.

4 - E um possível acidente tanto na fase de prospecção, como na fase de exploração ou no transporte de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural), não originará graves problemas ambientais e sociais, com as perdas de recursos que um derrame acidental de petróleo e/ou gás traria para as actividades dependentes do mar? Um simples barco partido no mar da Galiza ensina isso…

5 – Os projetos de prospeção e exploração de petróleo e gás natural não correspondem já a um modelo energético ultrapassado, que agrava as alterações climáticas e enfrenta cada vez mais soluções alternativas? Claro que sim, por isso a OPEP ficou reduzida a um barril que não vale um xisto dos EUA. A Venezuela e Angola que digam se a pirataria aproveita a alguém.

6 – Este projeto, além de nada transparente e muito submarino, será defensável num ponto de vista económico, já que as contrapartidas financeiras para o Estado Português são ostensivamente irrisórias e nulas para a Região Algarvia? Sim, é verdade – contrapartidas irrisórias para o Estado, nulas para a Região, embora os intermediários (bastantes) tirem partido - os Francis Drakes chegam sempre disfarçados. Apenas os reconhecemos depois da pilhagem, como se diz correntemente na Guiné Equatorial.

Carlos Albino_________________________________________
Flagrante problema: A questão não é de os presidentes de câmara engolirem um garfo a meio do mandato; o problema é quando os subalternos sortudos querem provar que têm valor, engolindo uma colher e uma faca... E assim desaparece o que poderia ser um grande talher político. Mais não digo.

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