quinta-feira, 6 de agosto de 2015

SMS 626. O senhor Simões

6 agosto 2015

Primeiro foi o senhor Pátio que encerrou, toda a gente já esquecida, também porque não se lembrou a tempo e pouco fez para viabilizar a memória. Um livreco vendido ao dia, era uma sorte, numa cidade com elite tão extensa e autoconvencida, enfim a nobreza de hoje, e não será o clero e o povo a substituir a nobreza. Agora a loja do senhor Simões, dos livros antigos aos recentes, já que as editoras parece tudo fazerem para que um livro do ano passado, por melhor que seja e com prova, seja antigo, ou seja “fora do mercado.

Naturalmente que me choca a lassidão (lassidão é a palavra) da Câmara Municipal de Faro. Só que uma livraria, um alfarrabista, ou uma simples banca de livros, não se aguenta sem… vender livros. E não se vende livros se ninguém quiser ser leitor. Por aquilo que falei com responsáveis, das centenas de professores (do universitário ao básico), engenheiros, arquitetos, advogados e demais gente curricularmente culta , apenas um ou outro entrava no Pátio para comprar, como um ou outro recorria ao Simões para se ilustrar. Não dava para a caixa e fecharam.

É claro que algum problema existe e certamente por ausência de política cultural supletiva da Câmara (e não só), mas fundamentalmente é um problema da Sociedade. Mas também da câmara, das câmaras onde “a última livraria” fecha, pois quando uma cidade fica sem qualquer Livraria (letra grande), é como uma freguesia ficar sem farmácia ou uma região inteira ficar sem água nas torneiras.

Mas quando uma Sociedade gera no dia a dia um problema destes, também é um problema de política, de Política Cultural e de Comunicação Cultural, as duas coisas. Na verdade, temos uma política de salamaleques e também uma sociedade de salamaleques, com importâncias a acorrer à Importância em filas de elites pífias nos atos de fingimento cultural, ou, se não são pífias e o ato não é fingimento, são “sempre os mesmos”.

E então, o que interessa discutir no Lethes política cultural, na mesmíssima situação do tal casal de bombeiros que dorme no 2.º andar com o 1.º andar em chamas? Uma câmara lassa, aliás, faz parte da sociedade lassa, e disso, a instituição e a sua base não se livram pelas regras da lassidão. Sim, a lassidão tem regras, as tais regras pelas quais vamos desta para melhor.

Enquanto isto, há que ajudar o senhor Simões.

Carlos Albino
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Flagrante sinal: Vamos ter 60 dias de reflexão eleitoral, em silêncio, como nem a lei prevê.

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