quinta-feira, 2 de maio de 2013

SMS 511. Facebook, blogues, websites...

2 maio 2013

É a tentação do clique. Não se pode falar em inundação, mas em cheia. A contrastar com uma Imprensa que, em particular no Algarve, se debate numa crise sem precedentes (crise sobretudo por excessiva dependência de fontes noticiosas estranhas, por inevitável produção sediada a centenas de quilómetros e por cada vez maior desligamento do potencial leitor), aí temos a região inundada por blogues, por websites, pelas mensagens do facebook, pelos emails distribuídos por listas mais ou menos amplas, enfim, pelos vídeos do youtube em que, descontada a paisagem, até se conseguem filmar inverdades. E há de tudo. Há o belo e o feio; há o limpo e o porco; há o bom e o mau. O feio, porco e mau, por regra, é anónimo, e tão mais anónimo quanto os alvos são bem identificados e dados como alvos a abater, embora os fins não sejam confessos. O belo, o limpo e o bom, também por regra, parte de gente que assume a autoria ou que, por pudor, se fica pelas iniciais, mas cuja generosidade, sentido crítico e interesse pelo bem-comum são patentes, haja convergência ou divergência com os pontos de vista.

Depois de algum período de incerteza e também de desconfiança quanto ao valor e eficácia, os novos instrumentos de comunicação instalaram-se no Algarve e vieram para ficar. Dos websites mais ou menos aprimorados de instituições às páginas de associações culturais, cívicas ou recreativas, dos portais das câmaras melhor ou pior entrosados no serviço público aos sites de empresas, escolas e bibliotecas uns mais parados que outros, do reclamado online dos jornais que resistem com papel mas que viram nos novos meios sistemas complementares e de promoção dos seus cabeçalhos aos espontâneos navegadores da internet, o Algarve não fugiu à regra do mundo, juntando-se a isso, as newsletters de deputados e de candidatos que se prezam, os emails apelativos ao seguidismo político ou à participação em “eventos”, e sobretudo, as irresistíveis mensagens no facebook e os blogues de cidadãos, uns que nascem para funcionar como pretendida espécie de jornais locais ou até regionais mas também morrendo longe disso, outros que brotam como sinceras páginas literárias ou como recursos de intervenção política, da geral à local, mas que se esboroam ou pelo cansaço ou pelo laxismo dos que não conseguem conviver com a crítica.

A enxurrada de informação expedida e recebida é já apreciável, sem dúvida que foi criado um público destinatário novo, ainda não contabilizado mas que é um nicho na sociedade, aqui maior, ali menor, mas nicho. Esta enxurrada de informação, com as suas verdades e inverdades, corre abertamente mas em grupos fechados, enquanto os tradicionais meios de comunicação não saíram do ponto onde se encontraram sempre no Algarve, e que, quanto ao papel, é o ponto da insuficiência tecnológica de produção e da relutância à leitura em que o algarvio é incorrigível, porque quanto à rádio é gira-discos com verbos de encher, e quanto à televisão é inexistente. Resumindo e concluindo, apesar dos novos meios e do esforço que alguns meios tradicionais fazem, o Algarve tem um problema de comunicação. Um grave problema de comunicação, apesar do facebook, dos blogues, dos websites...

Carlos Albino
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Flagrante ouro: A atribuição da medalha de mérito (grau ouro) pela Câmara de Loulé a Guilherme d’Oliveira Martins, antigo ministro da Educação, das Finanças e da Presidência, e atual presidente do Tribunal de Contas, com fortes ligações familiares a Boliqueime que até considera a sua terra natal, significa que Boliqueime não é só isso ou se resume a isso. E o ouro também ao deputado Mendes Bota, é justo reconhecimento pelo seu trabalho no Conselho da Europa, designadamente pelo seu desempenho e brio em levar a bom porto a Convenção para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica.

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