Outrora tínhamos as
forças vivas que ora apareciam nos momentos solenes ora elevavam a voz
quando o interesse geral ou o bem comum para isso as empurravam para não
fazerem figura de forças mortas. Tínhamos as forças vivas do Algarve e também
as forças vivas de cada terra, forças vivas essas que englobavam não só quem
tinha e exercia poder mas também todos os que de algum modo tinham influência e
cuja opinião contava. E agora? Nem forças vivas, nem forças mortas. É verdade
que elegemos deputados que aproveitam o melhor possível o seu tempo em Lisboa
para a chamada carreira política e que de vez em quando lá se lembram da terra
também pela chamada fidelidade aos eleitores; é também verdade que temos
autarcas agora com mandatos contados e que deixam de o ser quando começam a ter
alguma força; é ainda verdade que temos uma nomenclatura de chefes regionais
nomeados para isto e para aquilo e que andam ou têm que andar nos carris se é
que querem também fazer carreira de funcionários. Fora disto, ficam os
bombeiros, os músicos da Orquestra do Algarve, um ou outro carola de rancho
folclórico ou mesmo algum artista de fogo de artifício e ainda as agências
funerárias que dão as notícias dos mortos por fotocópias coladas nas paredes. A
única universidade pública não conseguiu ter voz marcante e esperançosa sobre
as grandes questões da região, as poucas escolas privadas de ensino superior
vendem o produto o melhor que podem e pelo mundo das escolas secundárias e
básicas as exceções confirmam a regra de mundos à margem do mundo quando não
interesses corporativos tocados.
É claro que a
democracia fez-se para eleger poderes de decisão e de representação mas
também para dar mais vida às forças vivas, o que não acontece nem há meio de
acontecer porque ninguém quer e caso alguns poucos o tentem ficam
paradoxalmente isolados por um clima montado de suspeições partidárias, ficando
a participação e mobilização cívica e torno das grandes causas regionais
completamente bloqueadas. Portanto, restam as praias e fazer o maior
dinheirinho possível em julho, agosto e setembro em que o sol é de facto a
força viva mas não tem voz.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante desdém: Dos governantes responsáveis pela matéria nem uma palavra sobre o 31das portagens na Via do Infante e sobre o pandemónio da 125 que nenhuma “requalificação” pode salvar. Já não apenas desconsideração, é desdém.
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