quinta-feira, 12 de março de 2015

SMS 606. Retrocesso

12 março 2015

É daquelas frases que muitos não gostarão de escrever e poucos gostarão de ler – o Estado está em retrocesso e o Algarve em retrocesso está. Não é que a história tenha parado – não pára; ou voltado para trás – não volta. A história vai par a frente - os que a fazem é que deram passos para trás. Uns propositadamente, outros inadvertidamente. No que toca ao Algarve, a região está mais ou menos decapitada de capacidade de decisão autónoma. Tal como está, o Algarve é gerido como se fosse a Secção VIII da 8.ª Divisão do IX Departamento Central, e o poder local ou está em carnaval ou em quarta-feira de cinzas – impreparado, sem qualidade, burocratizado, e consumando o paradoxo de tornar simultâneo o populismo e o distanciamento político do cidadão.


Da parte do Estado, não é difícil fazer-se o reconhecimento de que raramente se teve como em 2014 e já nestes dois meses de 2015, uma tempestade de factos negativos, despejados sem descanso sobre o cidadão. Dos mais altos decisores, passando pelos decisores intermédios, até aos de mais baixo escalão. Não tem havido dia, sem uma má surpresa proveniente quer dos eleitos quer dos nomeados. E logo a começar pelo Presidente da República que, tanto no que diz como no que omite, fala como uma espécie de monarca. Dá mau exemplo.

Da parte do Algarve, também não é difícil reconhecer-se que está muito mais longe da regionalização e que esta, a regionalização, nas atuais circunstâncias é coisa para não se desejar. Ou seja: o Algarve não está preparado para ser Região, a começar pela sua massa crítica e a terminar na crítica da massa. Não é que não se deseje e essa finalidade, a da Região e que esta não seja defensável e até desejável. Mas não temos condições, não temos gente que esteja, veja e aja para além do jogo de poder, do carreirismo e dos interesses difusos. No que falam e no que omitem, fazem-no como uma espécie de duques nos municípios e de condes nas freguesias. Dão mau exemplo.

Claro que há exceções, as quais não cito pelo pudor de não deixar às claras como é a generalidade. A isto chama-se retrocesso e quando isto acontece são os eleitores que se enganaram.

Carlos Albino
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Flagrante dilema: Quanto à maior parte dos estrangeiros que se fixaram no Algarve fugidos do frio, eles têm um dilema – ou são e se comportam como colonizadores, ou se inserem na condição de aqueles que os aceitam como vizinhança, estarem já colonizados. Vai dar no mesmo.

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