quinta-feira, 17 de março de 2011

SMS 404. E se houver eleições?

17 março 2011

Com o significado da manifestação em Faro, sabendo-se o que se sabe do interior de cada partido (situação quantitativa e qualitativa, capacidade de mobilização, níveis de liderança e de ideias) e com mais umas achegas daqui e dali (convocação contra as portagens, mais proximamente), é óbvio que o prognóstico para o Algarve entra pelos olhos, caso sejam convocadas eleições antecipadas. Sobretudo a manifestação de Faro foi um sinal muito forte e uma advertência clara sobre a situação incomportável a que o Algarve chegou, a tal região que pelos critérios europeus acriticamente acolhidos é já de uma riqueza tanta que não tem direito a nada, a nenhuma compensação, a nenhuma exceção, a nenhuma consideração. E se houver eleições antecipadas, o castigo pelo voto a quem dele beneficiou ascendendo ao poder, deverá ser inevitável e talvez sem precedentes nestas breves décadas de democracia. Os sinais que têm vindo a ser dados dão conta de que as pessoas estão fartas dos que fazem das funções ou cargos elegíveis meras peças de profissionalismo político, calculista, frio e seguindo o estilo do jogador de poker, as pessoas estão fartas dos que fazem dos cargos públicos a que ascendem por nomeação, exercícios de mordomia dada como virtude não justificada, e finalmente as pessoas estão fartas de chorar às escondidas, de sofrer envergonhadamente, de engolir em seco a hipocrisia e as palavras enganosas dos melíferos distribuidores de promessas, como fartas estão do fundamentalismo islâmico em que se converteram os centros de emprego no numerador com os déspotas oportunistas das empresas de ocasião no denominador. Para não se falar na corrupção, na insegurança, na saúde que fique afetada acima da constipação.

Creio que haverá partidos que já deviam ter feito uma revolução dentro de si próprios e que, se não a fizeram até este momento, é já tarde para evitarem o pior, se houver eleições. Há cinco, sete ou mesmo dez anos, com duas ou três larachas bem montadas e com um ou dois artistas de alto gabarito, a paisagem regional era dominada satisfatoriamente e caso não fosse, a culpa era do artista convidado. No Algarve de 2011, nada disso – já ninguém vai em larachas.

Carlos Albino
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    Flagrante objetivo de algo em algo: É óbvio que a Via do Infante é a única via transversal do Algarve. Não tem alternativa. E os que assim pensam não são propriamente uma meia-dúzia de insatisfeitos, como alguns dizem só para Lisboa ouvir, na mira de algo em algo.

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