quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

SMS 93. Bristes de Almeida... e Loulé, claro

17 Fevereiro 2005

É sem dúvida um ícone nacional, um símbolo que, carregado de lenda e com toda a controvérsia como é próprio dos símbolos, tem feito a travessia da História Portuguesa como referência para os momentos em que se deve resistir e em que se deve dizer não, mas também como sinal para os momentos em que se deve Ter força anímica e em que se deve dizer sim. Foi um virago, ficou conhecida como a Padeira de Aljubarrota por um episódio que, mais ou menos lendário, até pode estragar o significado do ícone e a valia do símbolo mas de Aljubarrota tem pouco ou apenas tem isso. É Brites de Almeida que, como figura fascinou Natália Correia, levada por isso, segundo chegou a confidenciar-me, a calcorrear caminhos e veredas da Goncinha, o sítio de Loulé que lhe é atribuído como local de nascimento, na tentativa de nos rostos das mulheres e homens com que se encontrasse ao acaso descortinar traços, ares, rugas ou trejeitos daquele ser aventureiro. Na verdade Brites de Almeida, pelo que se lhe conhece, foi a Aventura em pessoa, o permanente desafio ao destino fosse por que meio fosse. Também sabemos como, volta e meia, o prof. Hermano Saraiva se refere a Brites de Almeida para de alguma forma exemplificar a reconhecida fibra das gentes que nasceram naquela zona que um verdadeiro e secular observatório do Algarve. Naturalmente que, como acontece com todos os símbolos, a pertença é disputada e, no caso de Brites de Almeida é Faro que disputa, porque um disse ou porque outro lá descobriu um documentozinho dos tempos em que a Goncinha tanto podia ser de Loulé como de Faro. Ora vem isto a propósito para se sugerir ao líder da autarquia louletana, Seruca Emídio para se deixar de pruridos e, naquela rotunda da Goncinha, a caminho de Faro, onde se mantém ainda aquela coisa horrível do Euro 2004, erguer um monumento evocativo de Brites de Almeida – porque é de lá e temos História. Será preferível ver nesse local de cruzamento a evocação de Brites de Almeida, a esbarrarmos com mais um repuxo, três palmeiras e uma esfera de pedra que não diz nada a ninguém. Voltaremos ao assunto.

Carlos Albino

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