quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

SMS 701. Os candidatos

2 fevereiro 2017

Está na hora em que os partidos comecem a indicar cabeças de listas para as autarquias. Pelo menos, os principais partidos, os que contam com a fidelidade de número apreciável de eleitores que lhes permitem “fazer contas”. Naturalmente que todos procuram “candidatos fortes”, a não ser que a expetativa de vitória eleitoral seja escassa ou mesmo nula, porquanto, neste caso e como é já tradição, o candidato é quem se preste ao sacrifício de figura de corpo presente.

Então, ocorre perguntar: o que é um “candidato forte”? Aquele que tem uma imagem feita ou construída, mesmo que não passe da imagem? Aquele que tem projeto, programa e que eventualmente tenha já dado provas de honrar e cumprir compromissos? Além disso, a força de um candidato vem-lhe da seriedade, da probidade e da sua estatura intelectual? Mais perguntas: quem escrutina isso, é apenas os reduzidos colégios locais de militantes que, na generalidade são mesmo reduzidos e cujo aumento por vezes é temido para que não se perca o controlo? Ou esse escrutínio depende de “sondagens” locais, sabe Deus como são feitas e a que pretexto? Ou ainda se pergunta se tal escrutínio está apenas na mão dos decisores centrais dos partidos, por via de informações difusas, ou se tem em conta o filtro de comando regional, também muitas vezes pouco filtro e “regional” sob condição, ou se é da conta e medida das “bases”, bases estas que também na generalidade e por várias razões não têm grandes expoentes, se o manto do poder foi curto para interessados ou se a “independência” por autodefesa de carreira foi a melhor conselheira.

Estas perguntas, claro, estão diretamente ligadas ao que se entende por democracia, por aquilo que a democracia acolhe ou alberga, enfim, ligadas ao desabafo segundo o qual a democracia é, apesar de tudo, o melhor sistema. E é, é mesmo o melhor sistema se não acolhe títeres disfarçados em cordeirinhos políticos, ou se não alberga mesmo déspotas com máscaras de santos como se isto fosse um permanente carnaval, ou permanente entrudo com guerras de comunicados sem conteúdo e, pior, sem a dignidade política da quarta-feira de cinzas.

A esta distância, já vão sendo os eleitores a tomar alguma decisão e a manifestá-la localmente desta ou daquela forma. Se isto não acontecer, haverá razões para se admitir que a política está morta, que a desconfiança nos que tantas vezes sem pudor se intitulam políticos é de alto grau e de grau preocupante, e que a abstenção não é tanto a causa mas a consequência.

Carlos Albino
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Flagrante poder central: A Comunidade Intermunicipal do Algarve reafirma a sua posição contra quaisquer atividades de prospeção de hidrocarbonetos no Algarve e ao longo da costa algarvia Mas o que vai fazer, o que pode fazer e, mais importante, o que quer fazer?

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