quinta-feira, 12 de maio de 2016

SMS 666. Dois apelos irrevogáveis de Dália Paulo

12 maio 2016

Dois textos por acaso me chegaram aos olhos, entre o muito que o online efemeramente nos proporciona. Dois textos de Dália Paulo. Um, sobre a premência de um Observatório Cultural, abrangente; outro, sobre o financiamento por via do IRS, de associações, fundações e cooperativas de interesse cultural e com atividade cultural. Relativamente ao observatório, lembra Dália Paulo a boa experiência anterior colhida com o Observatório das Atividades Culturais, criado em 1996 e extinto ingloriamente em 2013 pela lógica de demolição que passou por algumas cabecinhas. Quanto à reversão agora possível do IRS para entidades culturais, Dália Paulo insiste na necessidade de divulgação da medida, observando com justeza que não se trata tanto de uma desresponsabilização do Estado no apoio à Cultura sendo mais um comprometimento dos contribuintes com a mesma cultura. São dois apelos irrevogáveis, usando alguma ironia.

Sobre o Observatório Cultural, além de envolver minimamente, por hipótese, o Ministério da Cultura, o Instituto de Nacional de Estatística, uma estrutura universitária competente e uma equipa de projeto, é uma necessidade premente num país onde o voluntarismo, a improvisação e os lóbis atropelam o essencial e fazem esquecer o fundamental.

Quanto ao financiamento das entidades culturais por via do IRS, há que acrescentar que esse é um dos bons caminhos no combate que está por fazer à subsídio-dependência que, como regra, prática e conveniência, eterniza tantas associações sem associativismo, fundações que nada fundam e cooperativas que nada cooperam. Os subsídios justificam-se e são defensáveis quando se faz o que o Estado não pode ou não quer fazer, mas quando o subsídio cultural se transforma em doença social ou se converte em mero salário de prestígio social para os dependentes, aí a porca torce o rabo. Digamos que a canalização voluntária dos contribuintes de uma percentagem dos impostos para associações, fundações e cooperativas culturais, até é, de certa forma, a irrefutável prova de vida destas e prova de como são aceites e reconhecidas pela sociedade. Mas Dália Paulo tem razão ao reclamar que a medida e seus benefícios tem que ser divulgada. Divulgada pelas associações culturais nas suas áreas de influência, e também pelas entidades públicas (estatais e autárquicas), o que não tem acontecido.

Carlos Albino
 ________________________
Flagrante insulto: No fundo, ao chamar os algarvios de índios e ao raciocinar que com o petróleo deixariam de ser índios (foi isso que deveras pretendeu dizer, julgando falar para parolos), o ex-ministro Moreira da Silva modificou plasticamente a proeminência dos ossos temporais, e autodecorou-se com a espessura dos lábios, a indigência da barba, os cantos dos olhos convergindo para o nariz chato, o amplo horizonte do nariz com uma argola pendurada no ambiente carnudo, umas penas amarelas na penteadura, e um colar de dentes ao pescoço colecionados uns 15 dias antes das eleições. Uma figura, assim, insulta qualquer índio a sério que um algarvio encontre a oito quilómetros da costa ou dançando sobre xisto.

Sem comentários: