quinta-feira, 21 de maio de 2015

SMS 615. Pedro Jóia, como o tempo passa e bem

21 maio 2015

Os seus dedos são de oiro fino, a sua música faz da península uma guitarra de prata, o sentimento que expressa, faz de Portugal, ao mesmo tempo, uma lembrança e uma premonição de bronze. É Pedro Jóia que, neste sábado, sobe ao palco do Cine-Teatro Louletano. E já lá vão vinte anos que estes mesmos dedos de oiro fino, guitarra de prata e sonho ou pesadelo de bronze, se estrearam numa apresentação pública perante aquilo que então era e se podia dizer “o estado-maior” dos jornalistas profissionais do ou no Algarve. Tudo aconteceu numa boa sala de Vilamoura. Ninguém tinha ouvido falar de Pedro Jóia e alguém que sabia que ali estava oiro, prata e bronze ousou dizer mais ou menos estas palavras: “E agora, terminado o debate, caros colegas, uma surpresa – vamos ouvir um jovem que daqui a dez, vinte anos, será oiro da música portuguesa, prata dos nossos sentimentos e bronze na larga praça da nossa convivência. Pedro Jóia, toque!”

Assim fez e encantou.

Passados vinte anos, regressa ao concelho de Loulé sem serem necessárias mais provas de que a profecia se realizou. Ele tem o condão de agarrar na guitarra como se um deus fugitivo a agarrar num pequeno asteróide, e o som que dali sai desafia os astros, a alma que dali emana atinge a proporção de constelações, o milagre que produz é daqueles que só a Música pode concretizar e faz com que qualquer ser humano, do mais bruto ao mais culto, sinta a prova definitiva de que o espírito existe e que o “estado de espírito” não deveria durar apenas um instante.

Jóia não corresponde à última palavra do seu nome. No início dos anos noventa, quando o ainda aluno de Belas Artes teve de criar o seu nome artístico, o então jovem guitarrista foi buscar essa palavra intermédia do seu nome pedindo desculpa ao último. Felizmente que o fez. Jóia transformar-se-ia ao longo dos anos seguintes, no símbolo do seu trabalho artístico. Andou pelas cidades, concertos, discos... Mas os anos noventa foram ontem. Curiosamente, pode ler-se agora, nas suas biografias, referência à sua longa carreira. Já longa carreira? Parece ter sido ontem que Pedro Jóia teimou em ser artista da Música e não das Artes Visuais. Só que pouco importa o tempo. Falemos antes do lugar. É que, já agora, talvez seja bom recordar que Pedro Jóia estreou-se para o grande público, no Algarve, mais concretamente, em Loulé. Ainda bem que o tempo passou e que os crédulos no seu virtuosismo não se enganaram.

Carlos Albino
_______________
Flagrante contributo para pôr fim à desordem: A Ordem dos Economistas/Algarve, apresentou ontem (dia 20) a sua proposta de  Linhas Orientadoras do Modelo Económico Regional do Algarve, e assinou um protocolo de cooperação com a Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. As associações públicas, no caso a Ordem dos Economistas, têm um indeclinável compromisso com a sociedade e não apenas a defesa de interesses corporativos legítimos, e é por isso que o Estado lhes delega funções próprias. A Ordem dos Economistas deu um bom pontapé de saída. E um bom exemplo a ser seguido por mais Ordens.

Sem comentários: