quinta-feira, 13 de outubro de 2011

SMS 432. E assim a isto se chegou

13 outubro 2011

Há um ano ninguém queria acreditar e mesmo os que com isto ameaçavam por efeito dos calores da política, faziam-no vagamente convencidos ou esperançados que a tempestade passaria ao largo. E tão convencidos estavam de que isto era mais um jogo, que não tomaram providências na região, referindo-me às autarquias que há muito deviam ter preparado a casa para o pior que aí está – o governo de há um ano, esse já lá vai e o eleitorado avaliou-o na devida altura com a punição que se sabe. Continuou-se a gastar, sobretudo em muito de supérfluo, como se nada estivesse para acontecer, e em grande parte continuou-se a gastar por responsabilidade e inconsciência de muitos funcionários. E querem exemplos? Começa logo pelos veículos. Em Londres, os ministros vão a pé, de bicicleta ou de táxi para os seus ministérios; em Madrid foram tomadas medidas que apontam nesse sentido e em Lisboa o uso dos carros oficiais já é de mau tom fora das questões oficiais que é a fórmula portuguesa de contornar... Mas, vá lá, em Lisboa, além de apanhar um táxi seria sempre uma boa desculpa para chegar uma hora atrasado a tudo, ainda se entende que um ministro não vá a pé de Cascais, de Loures ou de Sintra onde possa morar que, à escala do Algarve seria o mesmo que calcorrear de Portimão até Faro.  O que não se entende é que no Algarve, escassos 100 ou 200 metros tenham que ser em carro oficial, ou mais grave, no caso dos chefes que são mais que os índios, em carro de serviço. É apenas um exemplo. Serve apenas para dar nota de que a consciência do que a crise é e do que a crise implica, surge tardiamente e apenas quando se fazem os cálculos para o próximo ano com base na situação presente que era esperada – as autarquias estão sem dinheiro e sem perspetivas de dinheiro. Sabia-se isso pelo que teria sido melhor poupar durante um ano com um terço dessas lâmpadas que estão nos descampados sem casas apenas para exibir a “grandeza urbanística” de nada, do que deixar-se agora as terras habitadas às escuras durante horas. Ou, em metáfora regional, que em vez de tanto fogo de artifício de cada um no seu quintal contíguo ao outro quintal, se tivesse feito apenas um, dois ou quando muito três exercícios de fogo preso que eram os suficientes para serem vistos do Algarve todo. Metáfora apenas, mas já é tarde.

Carlos Albino
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Flagrante presente envenenado: A Via do Infante que foi o maior presente envenenado oferecido à região.

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