Tem-se chamado a isso
“sinalética turística” mas prefiro escrever sinalização cultural,
histórica, paisagística. Não é o turismo que dita a cultura, o património
ambiental, a história e pré-história, mas é tudo isto que deve estar na base do
turismo. Ora, quem chegue ao Algarve, atravesse as portas do aeroporto e ande
pelas estradas de lés a lés, não encontra qualquer sinalização para monumentos
nacionais (há poucos, mas há e esplêndidos monumentos), para monumentos de
interesse público, para parques naturais e para zonas históricas relevantes. É
verdade que quem vem de Lisboa encontra um painel com o castelo de Silves e
outro para a velha praça militar de Paderne, mas a coisa fica por aí. Nada
mais. E pelo emaranhado das estradas secundárias, as referências históricas,
culturais e ambientais são raras, embora seja muita a chuva de placas de praias
com chapéus de sol e três riscos ondulados a sugerir ondas do mar com que as
autarquias marcam território e até disputam provincianamente território.
Não é que tudo o que
o Algarve tem, possa ou deva ser indicado, mas, para já, os monumentos
nacionais, dois ou três museus de valia que há e os sítios classificados deviam
aparecer aos olhos, não só para amostra da região para quem a visita mas também
para a auto-estima dos habitantes, muitos dos quais até já desconhecem o que
têm na própria terra ou o que há na terra ao lado.
Podem argumentar à
vontade que muitos desses monumentos estão sistematicamente fechados pelas
mais diversas razões e motivos. É verdade que muitos estão fechados quando
deviam ser visitáveis com a disponibilização de folhetos explicativos. Para
tanto, as instituições implicadas deviam pôr-se de acordo e estabelecer
protocolos de colaboração, que não sejam apenas aqueles para sacar dinheiro do
Estado a pretexto de obras de conservação e restauro. Que falem entre si, mas
tornem os monumentos visitáveis, dêem-lhes vida, evitem que os monumentos
algarvios sejam monumentos mortos, jazigos de portas fechadas a criar teaças.
De vez em quando
fala-se no tal estudo encomendado para a “sinalética turística”, sabendo-se
que tais estudos feitos por quem está fora ou que só vem ao Algarve para
justificar a avença, pouco mais serão do que sumo de mapas Michelin espremidos.
E mesmo sendo assim, passam os anos e os estudos não aparecem.
Carlos Albino
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Flagrante pergunta: A partir de hoje, faltam 94 dias para as eleições autárquicas. Para qualquer pergunta, veremos a resposta do eleitorado algarvio.