quinta-feira, 30 de julho de 2009

SMS 321. A casa que devia dar exemplo



30 Julho 2009

O que se passou no parlamento já foi suficientemente comentado. Refiro-me ao debate sobre o estado da nação, a todo o debate e não apenas ao episódio de Manuel Pinho. No entanto, nunca será demais repetir que pior do que as cenas de S. Bento é a previsível imitação desse tom ou espécie de fazer política, das assembleias de freguesia às assembleias municipais, para não falar das assembleias de clubes, de escolas, etc.

Mal está a política quando os deputados abrem a boca e não medem as palavras, perdem a dignidade, entram pelo insulto e com uma máscara de combate a roçar o ódio dissimulam a fraqueza ou ausência de ideias e a incapacidade de exercício de crítica fundamentada. Mas enfim, as que se fazem em S. Bento, em S. Bento se paga. O pior é com os imitadores de que o país não se livrará, por certo, não sendo despropositado referir que o Algarve um campo propício a tais imitadores.

Nas eleições europeias já tinham aparecido sinais preocupantes da perda de qualidade da política, do debate e do confronto de ideias. Com a aproximação das legislativas e das autárquicas, não há apenas sinais, há dados objectivos, há provas de que afinal são os próprios candidatos que na mira dos votos cultivam e estimulam esse deslizar da política para o fundo. Não ganharão muito porque todos perderemos, sobretudo no Algarve onde a tradição da excelência política não existe ou se existe é coisa muito pontual e depende mais dos padrinhos do que do mérito próprio.

Carlos Albino

    Flagrante surpresa: Macário a ser educado em Faro por Alberto João Jardim, ele que até parecia politicamente educado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

SMS 320. A região do barulho

2 Julho 2009

O barulho está a transformar-se no Algarve numa arma de destruição maciça. As câmaras concedem licenças a bares sem condições para o que dizem ser espectáculos de música ao vivo; a autoridade policial quando muito faz uma discreta intervenção; a ASAE que anda por aí a indagar qual a empregada de balcão que tem brinco na orelha, fecha os olhos, e algumas zonas de diversas cidades e vilas do Algarve são verdadeiros infernos. Chega agora o barulho às praias, com algumas esplanadas, até nas horas de sol, a apontarem o batuque para o cidadão que lá foi para ouvir o mar, inebriar-se com o azul do céu e descansar do mundo.

O curioso é que este mesmo Algarve feio e mau também parece estar sedento de silêncio, investindo verbas apreciáveis para aparentemente minorar o ruído. É o caso das câmaras que mal conseguem uma circular ou uns escassos quilómetros de estrada nova, não hesitam com uma rapidez espantosa colocar painéis contra o barulho ao longo dos mesmos quilómetros para quando muito protegerem apenas cinco ou seis ouvidos no descampado ou meia dúzia de casotas de cão novas apresentadas como novas vivendas. No entanto as mesmas câmaras nada fazem para impedir a poluição sonora dentro das cidades e vilas que tutelam, e nessa indolência e permissividade são gloriosamente acompanhadas ou secundadas pelas autoridades policiais mesmo que sejam solicitadas para acabar abusos, provocações e impunidades.

É claro que o Turismo é algo demasiado sério para que presidentes de câmara e autoridades o possam invocar em vão. O turista não vem ao Algarve para encontrar barulho a todos os cantos – há sítios apropriados para isso, há um enquadramento legal para a actividade de discotecas e de bares, há regras que definem as fronteiras entre a poluição sonora e o som que cada um quer comprar.

Carlos Albino

    Flagrante advertência: Há entusiasmos que irritam porque não correspondem bem à verdade e apatias que causam repugnância porque toda a gente gostaria que não correspondesse bem à mentira.