quinta-feira, 28 de junho de 2007

Governadora civil. Não haja ilusões.

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SMS 216. Assembleias municipais...

28 Junho 2007

As sessões das assembleias municipais do Algarve estão longe das opiniões públicas locais. Primeiro, à excepção de uns habituais militantes da curiosidade, de um reduzido número de interessados em algum assunto agendado e de isolados protagonistas que querem dar nas vistas, as sessões desses pequenos parlamentos cumprem, por regra, o ritual do senhor feliz que está no poder e do senhor contente que espera sair da oposição. Segundo, os jornais e rádios locais não vão além, também por regra, dos anúncios de que a assembleia vai reunir ou que já reuniu, ou quando muito, como nos baptizados, diz-se o nome dos padrinhos e dos ditosos pais. É claro que apenas quando há assunto de peso, catástrofe ou escândalo é que apreciável número acorre com algum peso, as rádios locais dizem apenas algumas sílabas da catástrofe, e os jornais também do lugar descrevem o escândalo conforme as simpatias e os laços de proximidade, variando mimeticamente com as circunstâncias dos senhores felizes e dos senhores contentes.

Naturalmente que os meios de comunicação que se arrogam e, em bastantes casos se lhe reconhece com justiça o estatuto de regionais ou lá perto disso, apenas cobrem as desditosas assembleias quando indeclinávelmente algum assunto não pode ser omitido para não penalizar o tal estatuto obtido ou reconhecido.

E é assim que os teatros políticos onde os «mecanismos democráticos» começam a mexer-se, e que, sessão a sessão, deveriam ser milimétrica e rigorosamente escrutinados com alguma rapidez para a opinião pública, funcionam ora como uma espécie de reuniões malevolamente roubadas ao sono, ora como acertos de contas entre compadres desavindos sob telhados de vidro.

E não falemos das assembleias de freguesia onde, como o senhor presidente diz, «está tudo controlado, ninguém levanta ondas»…

Santa Democracia.

Carlos Albino

Flagrante prova: A de que o Algarve não é alvo privilegiado de ataques de terrorismo… Nunca se viu, seria um paradoxo, terroristas prepararem bases num alvo.

sábado, 23 de junho de 2007

Quatro anos de SMS

Por certo alguns dos leitores repararam que as SMS completaram quatro anos a 15 de Maio. E tanto que repararam que não foram poucos os que nos enviaram e-mails com mensagens que nos sensibilizaram e agradecemos. A bem da verdade, nós nem demos pelo tempo das 215 semanas que passaram desde 2003 e em que fomos tentando dar vida ao velho género jornalístico do «apontamento» que alguns, com quem aprendemos, felizmente cultivam e perpectuam como flashes que são onde o efémero do quotidiano se cruza com alguma ironia e remata com alguma certeira conclusão, explícita ou meramente sugerida. Não há mais pretensões para além disto e não gostamos dos grandes sermões que proporcionam o aumento fácil do número de amigos mas apodrecem aquela convivência que por vezes não passa de cemitério de amizades.

Em momento de forçosa avaliação, é lícito admitirmos que foram mais as verdades que os erros. Se para as verdades não se pede desculpa, já quanto aos erros há que ter presente aquele preceito de Rabindranath Tagore segundo o qual "se fechares a porta a todos os erros, a verdade ficará de fora".

Obrigado a todos os que, por mera curiosidade ou por declarado interesse pelo debate das questões algarvias têm acompanhado as SMS nestes quatro anos.

Carlos Albino

quinta-feira, 21 de junho de 2007

SMS 215. Apenas quatro sinais de UE

21 Junho 2007

Das 330 reuniões programadas pela presidência portuguesa da UE, apenas quatro pingam para o Algarve. É pouco. Em Julho, não se sabe bem onde, um seminário sobre sistemas de alerta precoce para Tsunamis e sinais de alerta (matéria sobre a qual a nossa região possui aquela anedótica e saloia experiência que até hoje ninguém explicou a preceito); em Vilamoura, lá para 7 de Setembro, uma reunião extraordinária do Bureau Político do Comité das Regiões; também algures no Barlavento ou Sotavento, em 26 e 27 de Outubro, o VI Fórum do Turismo Europeu, e algures também, em 18 e 19 de Novembro, a reunião ministerial EuroMed sobre Migrações, envolvendo chefes de diplomacias e ministros da Defesa e do Desenvolvimento. E é tudo o que sobra para o Algarve nestes seis meses de intenso corrupio internacional.

Naturalmente que se esperava que as matérias envolvendo o Turismo e o Mediterrâneo tivessem o Algarve como cenário natural e não tanto o alerta para Tsunamis. E esperava-se também que pelo menos uma reunião de peso ou de alto nível fosse programada para a região. Mas compreende-se que assim seja: o Algarve não tem políticos de peso e não dispõe de influência onde as agendas de estado são decididas, onde até Loures já tem pé porquanto até Loures que já não é tão saloio quanto se possa pensar, acolhe mais reuniões que todo o Algarve…

Carlos Albino

Flagrante boa iniciativa: A televisão on-line RTValgarve que pode ser vista e ouvida em http://www.rtvalgarve.pt/

quinta-feira, 14 de junho de 2007

SMS 214. Em vez da caça à multa, a caça ao bandido

14 Junho 2007

Sempre que o movimento de Verão se aproxima, a segurança é a questão. A GNR que no Algarve é generalizadamente o recurso do cidadão para socorro, como está ou como pode actuar, com as condições e meios de que dispõe, a bem da verdade não pode fazer mais – alguns pequenos mas importantes quartéis não dispõem, por exemplo, de sistema autónomo de energia ao menos para alimentar os telefones, ficando incontactáveis se a emergência coincidir com o corte… Um exemplo, pequeno exemplo apenas.

Se nas cidades e vilas, a falta de patrulhamento é notória, nos campos é pior com o crescendo já verificável das pilhagens a casas, assaltos violentos a residentes indefesos e a transformação de recônditas estradas municipais em locais de tráfico de droga segundo calendários e truques ou estratégias sem dúvida delineadas para trocar as voltas à Polícia Judiciária e à GNR mas que as populações conhecem e sentem na pele.

Naturalmente que é impensável que o Estado possa colocar um polícia atrás de cada criminoso, até porque é impossível saber-se quantos criminosos há e quais são eles. E é também impossível que deva colocar um guarda junto de cada cidadão, sobretudo um guarda acordado enquanto o cidadão dorme. Já é defensável que as polícias, nas zonas persistentemente e consabidamente críticas, operem de forma eficaz, sustentadas por informações fiáveis e dispondo de um mapa da insegurança do Algarve que devia ter mapa. Mas infelizmente associa-se o Verão mais à caça à multa e menos à caça ao bandido. Ora, Rui Pereira depois de António Costa tenha lá santa paciência mas as brigadas de trânsito apenas proporcionam um Algarve mais transitável – não o fazem mais seguro.

Carlos Albino

Flagrante pergunta: Onde fica o aeródromo de apoio ao Aeroporto Internacional de Faro?

quinta-feira, 7 de junho de 2007

SMS 213. Caso vulgar de Lineu

7 Junho 2007

É bem possível que, depois de inviabilizada a criação da Região Piloto (entorse que provocou todos os problemas) e institucionalizado o jogo de intersses na disputa de cargos políticos "dados" sempre por cima, sem escrutínio sério e rigoroso dos próprios partidos, a RTA nas suas sucessivas fases de tenha lançado na contemplação do umbigo.

Por isso, um certo estilo de conduzir o turismo provavelmente chegou ao fim, até porque o Estado, desta ou daquela forma, nunca permitiu que a RTA abandonasse o modelo de elite burocrática, supostamente responsável por decisões complexas, no pressuposto de que todos os agentes implicados condordassem com tais decisões ou, talvez melhor para quem a manutenção do estatuto dessa elite foi interessando, não prestassem atenção. Por isso também, não é difícil aceitar que a liderança da RTA tenha sido por regra conferida ou tolerada por acordos políticos que não existem sem entendimentos partidários, explícitos ou tácitos. Foi assim que a RTA, sempre de alguma forma, espelhou o rotativismo no aparelho central do Estado à mercê do qual, sem regionalização, cada vez mais está, perdendo também progressivamente aquela áurea de "liderança" regional que não passou de áurea pois nenhum político forte da região trocou um assento mais promissor do poder pelo assento da RTA cujas atribuições, missão e objectivos, em vez de reforçados, se foram diluindo e tornando difusos quanto ao essencial.

Porque haveria de deixar de ser assim? A RTA, quer se queira quer não, a vegetar politicamente à margem de um quadro de regionalização inequívoca, não foi sempre uma sinecura, um lugar de recurso ou quando muito um prémio e um trampolim? E poderia ter sido outra coisa? A RTA que já foi um registo sui generis no PAís, hoje não passa de um caso vulgar de Lineu.

Carlos Albino

Flagrante incompatibilidade: Entre um Jornalista e um Moço de Recados.