quinta-feira, 26 de outubro de 2006

SMS 181 Convido as Câmaras...

26 Outubro 2006

Não é por nada, mas é cá por coisas, convido as Câmaras Municipais do Algarve – todas sem excepção – a publicitarem, com rigor, quantos projectos de grandes superfícies e equipamentos correlativos têm para aprovação e onde, quantos «pedidos de informação prévia» de grandes urbanizações ou urbanizações de monta choveram sobre os serviços, quem os pediu e para onde, e, já agora, com quantos processos de reclassificação de terrenos ou áreas lidam, onde e para que fim. E faz-se este pedido não é por nada, mas é cá por coisas.

É que não basta dizer-se que o Presidente da República teve razão no 5 de Outubro, como do PS ao PSD se disse, com muita gente a assobiar para o lado. Dêem mostras de transparência, provem que não se teme a transparência, e que aquilo que, num regime transparência, se designa por investimento – como é moda e de bom tom – é mesmo investimento, e não, no todo ou em parte que seja, apenas revestimento. Não é por nada, mas é cá por coisas.

Carlos Albino

Flagrante contraste: O facto da PJ de Faro ter concluído que a morte, em 1997, de António Colaço (vereador de Almodôvar) fora devida a um «acidente» de carro (o gasóleo a incendiar a viatura!), e, agora, depois do roubo do crânio do autarca vitimado, os peritos do Instituto de Medicina Legal revelarem a convicção de que se tratou de um homicídio. Será muito difícil encontrar o homicida, até 2012?

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

SMS 180. Sinais de racismo nas escolas

19 Outubro 2006

Pelos sinais e testemunhos que me chegam, por aí está a grassar racismo nas escolas algarvias. Ainda é um apenas aqui e além, alguns casos em infantários para onde se transporta sem filtragem as mensagens domésticas, não é, felizmente, caso geral, mas vale mais prevenir do que remediar. Também, pelo me chega, não se trata de racismo de crianças portuguesas face a qualquer das proveniências da imigração – os casos envolvem sobretudo crianças e jovens provenientes da Europa Central e de Leste face a crianças e jovens de origem africana, em alguns episódios até, de nacionalidade portuguesa com ascendência africana. Independentemente de nacionalidades e ascendências, isto não se pode tolerar na Sociedade Algarvia, aberta por natureza e história, acolhedora por carácter e convivente por regra de velho costume.

Não se pode admitir que uma criança ucraniana, já em exercícios de desdém de raça, chame «preto», «macaco» e outras coisas aprendidas ou ouvidas em casa porque nenhum escola as ensina ou ensinou, a uma criança de tez africana. Claro que o problema não está na criança, mas nos pais, o problema está lá em casa, está no que os pais são, dizem e como procedem ou gostariam de proceder – problema que, por ora, apenas vai parar ao infantário ou à escola, sendo facilmente gerível, mas que, amanhã, pode, com desaforo, abanar a Sociedade Algarvia. Aliás, já está a abanar. Diz-me quem sabe que, em certos aglomerados outrora acolhedores de imigrantes africanos ou descendentes destes como à vista desarmada se poderia constatar, este foram praticamente varridos por ucranianos, nem se sabe como. E tenho conhecimento directo de um episódio – um casal romeno recusou o contrato de aluguer de uma casa que já tinha apalavrado, pura e simplesmente porque em frente vieram a saber que morava um casal russo, só por este russo…

Há que dizer a esta gente que não pode ser assim. A Sociedade Algarvia tolera excepções porque também tem as suas excepções, mas temos que saber dizer um rotundo não à importação do Racismo seja entre quem for. E há que fazer prevenção. Prevenção cuidada e eficaz. Trabalho para o Governador Civil e para as Câmaras Municipais às quais, em primeira linha, se exige a mais cuidada atenção. Tenho verificado que pouca coisa está a ser feita nesta matéria.

Carlos Albino
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Flagrante contraste: O PIN da Ria de Alvor, o PIN da Altura/Praia Verde, e o pino do PROTAL a dar já dois pinos enquanto é tempo.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

SMS 179. O discurso de Cavaco

12 Outubro 2006

O cidadão comum do Algarve, tão bem ou talvez melhor do que no resto do País, compreendeu o alcance e a oportunidade do discurso de Cavaco Silva no 5 de Outubro, e que foi um verdadeiro libelo contra a corrupção. Esta, como toda a gente sabe e porque resulta da própria definição de corrupção, não tem número público de telefone, não tem endereço postal acessível, não tem bilhete de identidade – a eficaz e certeira corrupção, a grande e a pequena, anda e age às escondidas, mexe-se por debaixo das secretárias, tem a cara da ronha, as mãos do manhoso e os olhos do falso santinho que por arte (bem paga a outros artistas) passa por entre as lacunas e omissões da lei.

Claro que ficou na mente do cidadão comum do Algarve a mensagem endereçada pelo Presidente da República a destinatários certos, ao reiterar que «é necessário chamar a atenção, de uma forma particularmente incisiva, para as especiais responsabilidades que todos os autarcas detêm nesta batalha em prol da restauração da confiança dos portugueses nas suas instituições». Mais: «para que as instâncias de controlo persigam os prevaricadores de uma forma célere e eficaz, é necessário que o combate à corrupção seja assumido como um esforço a que todos são chamados, nomeadamente pelo sistema da justiça, cuja dignidade e credibilidade devem ser reforçadas perante os Portugueses».

Tenho-me por insuspeito para afirmar que Cavaco sabe do que está a falar e para quem está a falar. Pela segunda vez na História, um Presidente algarvio põe o dedo na maior ferida do País, independentemente dos partidos, doa ao partido que doer e invocadamente para salvaguarda da ética republicana. Só que há agora Europa, não se pode calar agora o mundo da comunicação como outrora se podia fazer calar, e o apelo é à Justiça e não às tropas. Mas sobretudo há Europa e limites para não ter vergonha na cara, por isso.

Carlos Albino
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Flagrante contraste: O “jornalista” assessor e o “ assessor” jornalista.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

SMS 178. Façamos o hino

5 Outubro 2006

A política algarvia parece ser um objecto perdido, se é que não é perdido mesmo. Claro que não são os políticos que estão perdidos, esses até são uns achados, muito embora não façam deveras política, fazem quando muito cálculos que passam à tangente pela política. Aliás, a arte dos políticos que perderam a política é precisamente passar à tangente da política simulando entrar nela, uns por mero folclore activista, outros já por verdadeiro interesse profissional pois, pesando bem os salários, converteram-se em profissionais da política e como tal fazem carreira. Nestas circunstâncias, a política algarvia está praticamente reduzida à escolha de listas de candidatos (autarcas, deputados), às nomeações de titulares dos cargos públicos tutelados pelas tangentes da política ou pelo jogo tangente da política, e também de vez em quando, para ornamentar a secção de perdidos e achados do que se faz passar por política, reduzida esta está a uns ataques descabelados e a uns contra-ataques sem sentido para que o povo, enfim, se recorde de que ainda há poder escrutinado pela Política e ainda há oposição com a mesma parte de alma da Política. Mas, na verdade, a Política – sobretudo a Política algarvia - parece ser um objecto perdido e que os profissionais pouco interesse revelem em achar. Há clubes à espera do jogo ou dos jogos do calendário, há massas associativas que até não se importam com a contratação para as suas hostes do mais terrível adversário de ontem desde que amanhã ele marque golos com a nova camisola, há jogadores, portanto. Toda esta gente, obviamente, não ficará muito agradada se a PSP ou a GNR encontrarem por aí esse estranho objecto da política no quintal de trás de algum político tangente, e muito menos agradada ficará se os agentes comprovarem que o objecto da política algarvia foi roubado tal como as estátuas do Palácio de Estoi. Como diria Macário, à falta de regionalização, façamos o hino.

Carlos Albino
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Flagrante contraste: O prémio e a prática.