quinta-feira, 24 de junho de 2004

SMS 59. Insegurança

24 Junho 2004

Não damos novidade a ninguém: as populações algarvias vivem, no dia a dia, num clima de insegurança generalizada e, de forma muito particular, nas zonas rurais. Multiplicam-se os assaltos a casas isoladas por esses montes, alguns com uma violência extrema; os arrombamentos de estabelecimentos comerciais já nem surpreendem e os roubos são mais que muitos. O criminoso já aprendeu de resto que compensa menos atacar um turista milionário mas incauto do que um casal de velhotes da serra a viver de pensões. Por isso, a esmagadora maioria das vítimas já nem participa às autoridades ou por descrença numa justiça que é lenta e lassa ou, em crescente número de casos, por receio de represálias, ou ainda, pura e simplesmente porque não pode participar… De resto, a presença das forças de segurança, mesmo em cidades e vilas, é escassa senão mesmo nula, nunca se sabendo com exactidão qual a origem dos criminosos e meliantes: se aventureiros vindos do outro lado da fronteira, se gente desesperada, clandestina e desenraizada do lado de cá, ou se é a droga que comanda. Será por certo um pouco de tudo isso à mistura, mas naturalmente que alguma coisa tem que ser feita e com urgência contra este estado de coisas, antes que o desespero das vítimas se organize e acabe por ser tão ou mais violento que o dos criminosos. Tem que haver Polícia em todo o Algarve e a GNR tem que ser GNR.

Carlos Albino

quinta-feira, 17 de junho de 2004

SMS 58. Misturada evitável em Faro: Eleições e Cultura

17 Junho 2004

Em Faro vai haver a mistura que é sempre perigosa entre Política e Cultura. Isso será quase inevitável, por mais que quem lidera o processo da Capital Nacional da Cultura, o Eng. António Lamas, se esforce. E admitimos que queira ou tenha mesmo que esforçar-se muito!

De qualquer forma, a mistura entre calendários da Capital da Cultura e das eleições autárquicas é um risco para todos.

José Vitorino, para já, deveria ter feito tudo para evitar esse risco – só lhe ficaria bem, resguardar-se-ia de suspeitas e até ganharia pontos.

Se tivesse havido a determinação política que não houve, a Capital da Cultura seria neste ano da graça de 2004 tal como foi inicialmente programado, e se, por outro lado, existisse uma genuína vontade de separar o trigo da Cultura do joio da política, o ano de 2006 seria mais aconselhável. Não seria pela espera de mais um ano que os políticos ganhadores ou perdedores das eleições farenses deixariam de ler mais um livro sem saltos de página, assistir a uma peça de teatro sem adormecerem ou ouvir um concerto sem abanarem a cabeça. Mas como o que foi decretado, decretado está, aí teremos Faro em 2005 de bem com a Cultura por amor da Política ou de mal com a Política por amor da Cultura.

Carlos Albino

quinta-feira, 10 de junho de 2004

SMS 57. Mas eleger quem e para quê?

10 Junho 2004

O Parlamento Europeu, mesmo que os seus «poderes» venham a ser reforçados não deixará de ser uma esquisita assembleia parlamentar composta por delegações nacionais supostamente escrutinadas em cada um dos Estados da UE.

E é esquisita porque uma vez que tais «delegações» iniciem o mandato, elas perdem o carácter nacional diluindo-se em famílias ou agrupamentos partidários transnacionais que estão tão próximas do cidadão comum como as nuvens da relva. Portugal integra, e muito bem, e, diversas assembleias parlamentares - como sejam a da NATO, a da OSCE e a do Conselho da Europa – bastando para isso que a Assembleia da República designe a delegação participante segundo um critério proporcional.

Já para essa assembleia parlamentar da UE, é o que se sabe: há um sufrágio específico, como o que nos bate à porta, para determinar os 24 contemplados. Mas eleger quem e para quê? Quem vai ser eleito, já sabe. E cada um dos que já sabe, também está ciente das finalidades: um brutal ordenado, apetitosas mordomias, inevitável proa e pouco trabalho, embora com muita viagem.

O que podem fazer estes 24 portugueses felizes e contentes no meio de uma assembleia parlamentar de 732 elementos? Nada, nada e nada, a não ser fogo de vista que é o que, como «candidatos», todos eles têm feito e, convenhamos, sem elevação. Não me apanham.

Carlos Albino

quinta-feira, 3 de junho de 2004

SMS 56. A «coisa» chegou já aos presidentes de juntas...

3 Junho 2004

E não são apenas quatro mas mais do que sete, os presidentes de juntas que, invocando o montante das taxas e impostos pagos na sua área, reclamam e exigem a satisfação de determinadas reivindicações locais.

Algumas dessas reivindicações são, à evidência, justas em qualquer parte do mundo e até num sítio ermo quanto mais na civilização de uma Junta, mas o problema não está na maior ou menor razão que essas Juntas possam ter – o problema está no critério ou na «arma» usada para reclamar e, em não poucos casos, para fazerem o que tem apenas um nome: chantagem política. Portanto, «a coisa» já chegou aos presidentes de juntas.

E a coisa é mesmo isso - a chantagem – pelo que, segundo até parece, um presidente de junta que não saiba ou não queira fazer chantagem, não presta. E mais grave é quando, quem está na oposição e visa ascender ou reocupar poderes camarários, estimula essa chantagem política como causa própria, na mira de cobrar dividendos nas próximas eleições autárquicas, todavia sabendo que «a coisa» não tem futuro. A Democracia não se aguenta com estes procedimentos feios, porcos e maus. Até para a semana, pois voltaremos ao assunto «da coisa», tenham lá os presidentes de juntas santa paciência.

Carlos Albino